sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Para que é que serve a EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - Alice Valente

A Educação Artística não serve absolutamente para nada se não for orientada e ensinada por artistas, precisamente porque para além de criadores, igualmente são os detentores e responsáveis com única e exclusiva autoridade das áreas que digam respeito às Artes e ao que é Artístico. E perante esta evidência, o Ensino de uma Educação pelas Artes, só fará sentido se conjuntamente e em perfeita sintonia, o Ministério da Educação e o da Cultura, trabalharem seriamente com os artistas, com todo o rigor e competência e sem improvisos ou ideias extemporâneas, para que essa Educação do Artístico e em seu Ensino, se presenteie com toda a eficácia, tanto ética como esteticamente, em presenças e valores verdadeiros, a Ser-se Humano. Mas toda esta acção, só será exequível num inevitável e incontestável respeito, enaltecimento e valorização para com todos os artistas, que fizeram, que fazem e que têm contribuído de um forma exemplar e inegável para a sua Cultura. Artistas esses, que em sua grande maioria, realizaram seus trabalhos e Obra de um forma demasiadamente dolorosa e até desumana, para que possa existir afinal, uma Cultura!
Assim a Educação Artística, só servirá ao Ensino, se encontrar-se a ensinar nesse mesmo ensino e em suas escolas e universidades, os que com todo o talento realizaram ou realizam obras nas áreas da criatividade ou da manifestação do que é artístico e que são eles, os escultores, os músicos, os coreógrafos, os bailarinos, os artistas plásticos, os artesãos, os poetas ... os artistas.
Em suma, uma verdadeira Educação Artística, só se conseguirá efectivar e repito, se ambos os Ministérios, o da Educação e o da Cultura, favorecerem a realçarem os artistas em suas práticas, obras e vivências e relacioná-los vivamente com o Ensino enquanto Professores, não só pelas suas experiências e provas já dadas, mas depois e também, tanto profissionalmente como artisticamente, dentro dessas mesmas áreas e que digam pois, respeito a um Saber relativo às Artes. Ou ainda que os seus projectos e sempre supervisionados pelos seus autores, sejam direccionados ou directamente incluídos e postos em prática no ensino dessas mesmas escolas, a ensinar-se com os artistas e a aprender-se com eles no entendimento de um esforço realizável pela força do que é genuíno e na «alma» do que é a vida, a obra, o acto criativo e em seu autores e artistas.
Todos até sabemos, e porque é onde a Cultura se assenta e se afirma, que a verdadeira riqueza é originada pelos valores do Ser a Ser-se Humano e, isso é assim, exactamente pelo que esse ser humano nos pode oferecer ao que é feito com Arte e em suas Artes, a ressalvar assim, todo o espírito e força do que é a criatividade humana. E que são elas, a Dança, a Música instrumental, Música Vocal, a Pintura, a Fotografia, a Poesia, as Artes Performativas, as Artes Cénicas, a Escultura e entre muitas outras áreas ou em todas aquelas áreas que se têm revelado como cruciais para que a sensibilidade e a afectividade se harmonizem com a criação, com a criatividade, com o acto de criar ou com todas as manifestas vias do artístico. E precisamente por se traduzirem em pólos vitais, para que uma sociedade se torne sustentável, enquanto relação primeira, na procura de valores e soluções novas, dentro dessa mesma comunicação, no que é respeitante ao enaltecer, a dignificar o que é humano e em toda a extensão, na sua Natureza de Ser, por Sentir e Pensar.
Uma Educação Artística terá pois, de se firmar muito para além de todos os jogos de discursos e palavreados sem sentido, no se usarem as artes leviana e grosseiramente, a se reproduzirem modelos em modelozinhos interesseiros e tão repetitivos em que modas, por curiosos ou estudiosos em seus cursos construídos e tirados à pressa, para inglês ver. Lições a serem dadas, por quem nada sabe, nem nada tem a ver com as artes, em cursozinhos no artisticamente correcto, sem «alma» e sem «coração» a envergonhar as artes e o que é artístico. Procedimentos perversamente autorizados e em que incúria por responsáveis tão
inaptos, numa aliança para com o vazio, para com o nada, dos mal intencionados ou vendilhões, que facilmente se associam aos conflitos e guerras, em quantos competitivos ideais e, em que comerciais e formatados estados. Estados esses, em estares que nos viabilizam para a insensatez de seres humanos tornados animais ou coisas, intencional e maquinalmente, isentos de pensar ou tornados abjectos objectos industrializáveis, fabricáveis e empacotáveis, por vendáveis ou compráveis, num monstruoso afastamento e em total separação para com o Pensamento, a Criatividade e a Criação do Ser-se Humano.

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4 comentários:

Anónimo disse...

"Para que é que serve..?" não. Para que serve...

Anónimo disse...

Eu sei Anónimo, e foi assim que enviei à cnea: Para que serve...

Pois, mas é que foi de propósito, gosto mais assim e por isso ter colocado em meu blogue: Para que é que serve... dá mais força e sentido ao que pretendo...

Muito obrigada e cumprimentos
Alice Valente

Anónimo disse...

cara Alice, se assim foi, que seja. mas terás colocado "em" teu blogue ou "no" teu blogue?
Tem atenção a essa gramática pá

Anónimo disse...

Caríssimo Anónimo!

Que importância tem o que se reveste da importância que você esconde por pensar que assim é que é?
Porque não vai corrigir os Lusíadas?
Porque não vai fazer obra e mostrar-se enquanto pessoa para que possa discutir o que quer que seja sem medo de se afirmar?
Tenha você atenção ao que pretende da vida e substitua-se no erro em que erro das preocupações que lhe vão na alma!

Cumprimentos
Alice