quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

O que é que eles dizem...

Aluno do PRIMEIRO ano de filosofia na UBI
«No jardim há uma árvore. Dizemos dela: a árvore é um belo porte. É uma macieira. Ela está pouco rica de frutos este ano. Os pássaros que cantam gostam de a visitar. O arboricultor poderia ainda dizer acerca dela outras coisas. O sábio botânico que representa a árvore como um vegetal pode estabelecer uma quantidade de coisas sobre a árvore.
Finalmente, um homem estranho vem e diz a este respeito: “A árvore é. Que a árvore não seja, isso não é.”
O que é que, agora, é mais fácil de dizer e de pensar: tudo aquilo que, dos mais diferentes pontos de vista, se sabe dizer sobre a árvore, ou então a frase: a árvore é?»
Heidegger
Eu aluno do primeiro ano de Filosofia escolho a árvore é.

Aluno do SEGUNDO ano de filosofia na UBI
A decadência da filosofia é um facto. E os culpados quem são?
É bolonha? Também.
São os alunos? Muito pouco.
São os professores? Alguns.
É triste ver morrer um curso a que muitos filósofos já chamaram o saber mais.
No ano que passou, era notório o desinteresse dos alunos, este ano lectivo o desinteresse ainda é mais acentuado; a prova provada é que cada vez o curso tem menos seguidores. Para uma possível mudança, pouco haverá a fazer mas ficam aqui algumas sugestões:
- aos professores que não tenham vocação para ensinar, mudem de profissão.
-aos professores que não chegam a horas de ministrar as aulas, que reduzam os horários.
-aos professores a quem a democracia os afronta, que deixem a sua ideologia à porta da sala de aula;
- aos professores menos atentos à mudança, que façam uma reciclagem;
Os alunos não vem às aulas ou chegam atrasados, porque não são motivados ou porque os professores também não chegam a horas . Isto são factos.
Um apelo aos professores:
Cumpram e depois exijam.
Os alunos que pagam, impostos e propinas exigem que a universidade dê mais saber.
O facilitismo, o medo, a falta de organização, irá condenar não a filosofia, mas sim o curso de filosofia.
O funeral está para breve.

Aluna do TERCEIRO ano de filosofia na UBI
«A filosofia nasce do espanto». Frase proferida por Aristóteles e subscrita pela UBI. Todavia ela sobe ao palco de diferentes maneiras. É então sentada na plateia, reduzida a duas ou três pessoas , que por vezes me deixo invadir pelo tão raro e caro “deleite intelectual”, que alguns docentes ainda conseguem suscitar e fazer acreditar que a filosofia no seu puro sentido socrático não ficou perdida, algures no tempo dos afonsinhos. Contudo consigo ter na mesma instituição e no mesmo curso, professores que exercitam a nossa pontualidade e a nossa capacidade de memorização e ATENÇÃO , ainda estamos a falar de filosofia! Inconformada com toda esta situação ainda pergunto: Há alguma coisa a fazer? Talvez tenhamos perdido o kairos, e assim sendo resta-nos lamentar e ... desejar feliz natal.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Unidades de Investigação em Filosofia - Resultados da Avaliação da FCT‏

10 unidades de investigação (portuguesas), na área da Filosofia, foram avaliadas pela FCT. Os resultados já foram divulgados:

http://www.fct.mctes.pt/unidades/08/areas.asp?aid={5D0B7132-D7C3-4E80-B432-A5F484567B5B}

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Despojos

O omnipresente "jogo dos possíveis" acarreta a aceitação do outro na sua diferença. Aliás, estar no mundo é estar com o outro. Alimentada pela alteridade, a identidade do homem reclama incessantemente a intervenção de um outro, presente, mas diferente. Por conseguinte, "não basta dar voz às ideias do outro, mas é necessário reconhecer a sua autoridade concreta como um ser valioso e incondicionado"(Edgar Morin).De facto, se por um lado se deve aprender a reconhecer as possibilidades que se realizam num outro e não em nós mesmos, por outro deve-se pensar ao mesmo tempo que se está unido ao outro pela mesma pertença para reconstruir o seu ponto de vista, mas também para aprofundar o nosso ponto de vista. A partir desta experiência, o homem tem de ser, ao mesmo tempo, um ser forte com a noção exacta da sua fragilidade.Na aceitação do outro, que não pode ser rejeitado como bastardo ou herético, bem como na recusa de controlar o jogo com o outro e assim ganhar, está, creio, o "passaporte" do futuro da humanidade. Tal "passaporte" implica "melhorar a nossa capacidade de escuta no diálogo com o outro em vista de coexistência e solidariedade ainda inexploradas"(idem) e de abertura a novas possibilidades para a coevolução material e espiritual.Cumpre a cada um compreender que o homem se torna uma exigência existêncial para um outro. Na realidade, a exigência existêncial do outro introduz literalmente o ser egocêntrico nas interdependências. O egoísmo dará lugar à solidariedade, fraternidade e complementaridade. Assim, aprende-se que "a vida só é bela quando é uma empresa em benefício dos outros (e do mundo), quando sai da rotina que esteriliza para os perigos da aventura intelectual ou da aventura da acção"(Agostinho da Silva).De resto, o reconhecimento do outro "nada tem a ver com a racionalidade ou abdicação da razão, mas é um acto de profunda honestidade racional"(Edgar Morin), na medida em que, tal como Narciso, se o homem rejeitasse qualquer relação com os outros estaria condenado a perecer. Aliás, à medida que que o mimetismo invade o homem, cada um sente-se mais fraco em relação aos outros.A diversidade dos indivíduos funciona como um dos principais motores da evolução; é uma maneira de garantir o possível. Uma espécie de "seguro do futuro", aumentando as possibilidades de vida face à homogeneidade que traz a morte.
José Almeida. Aluno de Filosofia da UBI.

domingo, 14 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lipovetsky dá conferência na UBI


O Professor de Filosofia da Universidade de Grenoble e investigador do Conselho de Análise da Sociedade da mesma instituição, Gilles Lipovetsky, vai estar na UBI no próximo dia 12 de Dezembro, onde dará uma conferência inserida no evento MOVE 08 - Mostra de Trabalhos dos Cursos de Design de Moda.

Programa:


Mostra de trabalhos de Design de Moda: (entrada livre)
Exposição de trabalhos de alunos de todos os anos dos cursos de Design de Moda.
14 Nov. a 12 Dez.: 9 – 12h30m e 14h – 17h30m
6 e 13 Dez. (sábados): 9h30m – 12h e 14h30m – 18h
Local: Museu de Lanifícios (Núcleo Real Fábrica Veiga), Universidade da Beira Interior, Covilhã.

Conferências: (Entrada Livre)
4 Dez. 14h: Ydreams (Mónica Pedro e Inês Henriques); Citeve (Fernando Merino)
12 Dez. 14h: Gilles Lipovetsky Anfiteatro das Sessões Solenes – Pólo I

Workshops:
15 – 16 Dez. - Introdução aos Têxteis Interactivos
15 -16Dez. - Desenho de Modelo

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O caminho faz-se caminhando




Passeio dos filósofos na UBI

domingo, 30 de novembro de 2008

O Espectro- Eu tive um sonho...

Contraproducentemente o que eu quero ser é professor. E sempre que me perguntam o que quero fazer com o "canudo" de filosofia na mão, eu respondo então, com aparente seriedade, que quero ser professor. Levar uma vida mais ou menos tranquila, acartando para cá e para lá dezenas de livros com o orgulho estampado no rosto, uma pose discretamente intelectual, ou, pelo contrário, de típico "cientista maluco".
Eu sei que a vida não está fácil para quem tem na ponta do giz o futuro do país, ou ajustando, na tecla Enter do Magalhães. O "zunzum" constante dos media dão prova disso mesmo, – apesar da crise aparentemente não se estender ao ensino superior (descontando a afagada controvérsia acerca da gestão das universidades).
Mas se de um lado é o barulho democrático e generalizado que intensifica as dificuldades por que passa o sistema educativo português, do outro lado, é o asfixiante silêncio aristocrata que impera acima da pura incompetência e desleixo consciencializado dos seus docentes.
Desde que ingressei na Universidade da Beira Interior, que as probabilidades de poder ver o meu sonho de ser professor tornar-se realidade, triplicaram. Agora, bastava "apenas" ser licenciado (o que com o processo de Bolonha se resumiria a três anos de estudo). Chegava "saber ler" bem, ter conhecimento dos livros no mercado e não gaguejar. Por vezes até, em casos em que não consigo arrumar um adjectivo melhor senão, "insólitos". Bastava chegar ao cúmulo, de abandonar a sala após um quarto de hora de aula, deixando ao critério do aluno a honestidade (ou falta dela) diante de um teste surpresa, já que o professor que devia ter permanecido a vigiar o decorrer da prova (legitimando-a), se ausentou mais cedo para apanhar o comboio.
Meus caros (na formalidade própria de um aristocrata), estou longe de ser um bom aluno, sou até uma pessoa acanhada, feia no sentido mais tóxico do termo, mas acreditem, sei ler, e até com alguma entoação. Para licenciado, pouco tempo me resta. Comboio, não é o meu meio de transporte, mas sim, posso sempre viajar de autocarro. Acartando para cá e para lá dezenas de livros, com o orgulho estampado no rosto...

Sexto-Empirico

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Dia Mundial da Filosofia

Jantar de comemoração no próximo dia 20 pelas 20 horas no clube União seguido de tertúlia sobre:



QUAL A IMPORTÂNCIA DO OUTRO?

QUAL O LUGAR DA ALTERIDADE NAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS?



Agradecemos confirmação até ao dia 19 para o seguinte contacto:

· 912852859
· 962900174
· sexto-empirico@hotmail.com

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A "nossa luta" é...

O fumo azulado que sai do meu cigarro e se desmultiplica em formas desconexas até desaparecer só encontra paralelo com a imagem desfocada e distorcida que vejo no retrovisor enquanto acelero para longe; não muito, apenas o suficiente para sacudir qualquer suspeita que possa subsistir após o meu raciocínio. Tenho estigmatismo e portanto, estando muito perto das coisas, vejo mal; muito mal. E também, a distância é relativa; não só pelo espaço mas também pelo tempo.Já não há longe nem perto (a bem dizer, nunca houve), ontem ou hoje, quiçá homens e mulheres; há o aqui, o agora e a "malta". Os tempos mudam, as vontades também; mudam as drogas, mudam os motivos. É constante ebulição e dinamismo, ao mesmo tempo belo e misterioso. Os sinais dos tempos são prova disso mesmo. A chave mestra, creio, para se poder pensar "filosoficamente" é uma luta titânica entre a inércia da nossa arrogância e a dinâmica do nosso espírito.É difícil? Sim. É uma luta? Sim; mas não é uma guerra. Isso pressupõe a existência de um adversário, e ao existir, seria eu mesmo! É possível lutar contra mim mas não guerrear-me, isso até dá mais trabalho do que frutos.
A "nossa luta" só faz sentido no plano subjectivo (não confundir com particular), e não numa "reforma do entendimento". Não se iludam, não há por aí meia dúzia de iluminados detentores da verdade e da sabedoria e o resto são coitadinhos ignorantes a olhar para o céu à espera que lhes caia em cima.
A "nossa luta" é reflexo da nossa capacidade cognitiva, da nossa liberdade, das nossas relações. Não somos ideias mas devemos ter ideais.
A "nossa luta" é assumir as dúvidas e ultrapassá-las; que pensamos diferente já todos sabemos mas isso de ficar com "a tua" e eu com "a minha" não é caminho; quando muito é um atalho.
A "nossa luta", meus amigos, é conseguir dar seguimento à herança deixada pelos "espíritos livres" (leia-se filósofos); as armas que tinham? Irreverência, Audácia, Ambição, Inconformismo.
A nossa luta é esta! Que melhor altura senão agora? que melhor sitio que não este?

Aluno de filosofia na UBI

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Espectro-filosofia saiu à rua

A Filosofia saiu à rua!
Não que não estivesse bem! Entre quatro húmidas e velhas paredes a "marrar" Kant, ou outro senhor de nome irrisório de pronunciar. Não que a Filosofia se sentisse sozinha, visto que este ano ainda conseguimos angariar, nove caloiros... Mas quisemos saber o porquê do sucesso de outros cursos, especialmente emergentes e tecnocratas, face a uma ciência tão expansiva, tão antiga e imprescindível como a Filo-Sofia. Interpelamos assim diversos alunos de outras áreas acerca do que pensavam eles sobre o que era isso da Filosofia. As respostas lá foram saindo. Curtas, gaguejadas, tímidas, ainda assim, sinceras. À primeira pergunta "O que é a Filosofia?", Francisco Marques, segundo ano de Bioquímica, respondera: " é sem dúvida a primeira ciência do mundo". Estranho! Pois quando mais à frente lhe perguntei, se se algum dia tivesse oportunidade, arriscaria uma licenciatura em Filosofia, prontamente me disse "Não". Justificando que a Filosofia não era uma ciência emergente no nosso Portugal. O que isso significa exactamente? Que a filosofia é sem dúvida o príncipio, mas nunca o fim? Então, qual será a ciência do fim? E servirá então a Filosofia para alguma coisa, nos tempos que correm? Três alunos de Cinema afirmaram positivamente, que nos tempos que nos trespassam, é necessária uma disciplina como a filosofia para que de modo imediatamente paralelo, se possa responder suficientemente aos constantes problemas com que uma sociedade multicultural e dita democrática se debate, quase ao ritmo da sua própria evolução. Não que soubessem eles, alguma coisa de Filosofia, visto que da Filosofia dada no secundário (obrigatória!) recordavam-se apenas dos denominadores comuns da disciplina: Platão; Aristóteles; Descartes; Kant; entre outros, que entre-tanto se tinham esquecido. Mas isso da Filosofia assumir um papel significante nos tempos coevos, parecia-lhes suficientemente claro! A falta de "liberdade" artística na Filosofia foi muito bem aludida por Marco, um estudante de Arquitectura. Dizia ele, que a Filosofia, por se empenhar na resolução de temas particularmente "duros", e fundamentalmente conceptuais. Que não deixava muito espaço ao "espaço" da criação; ao desenvolvimento subjectivo pela arte. Enquanto um aluno de Engenharia Cívil ao mesmo tempo disparava: "já não ter cabeça para isso, isso da Filosofia".
Para terminar, perguntei a uma colega finalista do meu curso, quais eram as suas perspectivas, o que iria fazer no futuro, em que parte a filosofia comparticiparia nesse seu amanhã. A Susana segredou-me que iria fazer um mestrado na área de Jornalismo, e que a Filosofia lhe serviria então, de "meio para...". O que, inevitavelmente, me reconduz às perguntas que acima coloquei. Com que então, a Filosofia é só "o princípio". Com que então ela é só "um meio". Então qual é o fim? E Sócrates, quantas voltas já deve ter dado ao túmulo, pelos seus "próprios discípulos" assumirem esse "abatimento" da Filosofia para um segundo plano, nunca como um télos, mas como um troco sofista. Um naipe no bolso, pronto a ser lançado, quando a situação assim o exige!
Sexto Empírico

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

29ª Edição dos Prémios PEN Clube






Na 29ª edição dos prémios PEN Clube, e apesar do prémio recair sobre diversas formas literárias - poesia, ensaio, novelística e até "primeira obra" -, quero destacar, e sem qualquer intuito de marginalizar os outros autores, o trabalho do jovem poeta do Porto, Daniel Jonas. Vencedor ex-aequo, conjuntamente com Helder Moura Pereira (Segredos do Reino Animal, Assírio & Alvim, 2007).
Ainda que, o livro premiado do poeta do Porto tenha sido, o Sonótono- Cotovia. Deixo-vos aqui, um pequeno poema do seu livro anterior, Os Fantasmas Inquilinos, como síntese prepotente de uma obra que não se extingue nem com prémios, nem com qualquer outro tipo de menções.

"Eu ficarei à espera de que as uvas
das minhas videiras
amadureçam
à luminosidade da palavra
dia".
in Os Fantasmas Inquilinos, Edições Cotovia, 2005.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Fausto

Quando vim para Filosofia, julguei que iria encontrar as pessoas mais alternativas, anti-dogmáticas, e fundamentalmente, as pessoas mais disponíveis a ouvir. Pessoas sensíveis, à contínua apaixonada e apaixonante compreensão - do seu outro. Mas o que encontrei foi tão só, "mais uns"; gentalha sem ideias próprias, de almas fechadas, cárceres da estupidez eidétificada... Enfim, o que achei em Filosofia, não foi "a Filosofia", no seu puro sentido socrático, - chato, incomodativo, desinteressado. Mas somente, mais uma disciplina direccionada à estatística, à servidão tecnocrata, intelectual - sem qualquer interesse essencial, ou mesmo, existencial.
Já não importa pois, "o que somos", mas, "o que somos perante quem". Já não importa, "vender a alma ao Diabo", mas a qual diabo nos havemos de vender.
Até eu, confesso-me, vendi a alma ao demónio errado, e por tal, recebo hoje o troco de um mau negócio, - o desprezo dos meus colegas (todos vendidos) e um pesado silêncio de fundo...
As melhoras.
David Santos, Diogo Gomes.

domingo, 26 de outubro de 2008

Actualidade de Merleau Ponty

Realizar-se-á nos dias 30 e 31 de Outubro na UBI, um colóquio comemorativo do centenário do nascimento de Merleau Ponty .

Programa:


Quinta-feira, 30 de Outubro
10:45
– Abertura do Colóquio

11:00-12:30
Luís Umbelino (U. Coimbra), Fenomenologia e ontofenomenologia da profundidade em M. Merleau-Ponty

Carmen López (UNED, Madrid), Merleau-Ponty e o feminismo

12:30-14:00 – Almoço

14:00-16:30
Pedro M.S. Alves (U. Lisboa), Título a anunciar
Olivier Féron (U. Évora), Pregnância simbólica versus antepredicativo: o diálogo entre Merleau-Ponty e Cassirer
Urbano Mestre Sidoncha (UBI), A reabilitação do sensível em Merleau-Ponty
Ana Leonor Morais (UBI), A natureza em Merleau-Ponty (resposta á falácia imaterialista)

17:00 - 19:30
Jorge Croce Rivera (U. Évora), O uso da fenomenologia de Merleau-Ponty na arquitectura de Steven Holl
Gabriela Castro (U. Açores), A dúvida de Cézanne como propedêutica da arte no séc. XXI
José Manuel Martins (U. Évora), Merleau-Ponty e Cronenberg ou filosofia e cinema
Paulo Alexandre Castro (U. Lisboa), Fenomenologia e estética comparativa: antropometrias e invisibilidade do Corpu(s) ou o diálogo ontofenomenológico de Yves Klein e Merleau-Ponty

Sexta-feira, 31 de Outubro

10:00 – 13:00
Davide Scarso (U. Lisboa), Entre história e estrutura. Merleau-Ponty e Lévi-Strauss
José Gil (UNL, Lisboa), Metáfora e ontologia em Merleau-Ponty
Guy-Félix Duportail (U. Paris I), Principes de la chair (ontologie du dernier Merleau-Ponty)
Emmanuel Alloa (U. Basileia), Pulpe fiction. Pour un autre scénario de la chair

domingo, 19 de outubro de 2008

O Espectro

Do mesmo modo que Hamlet pressentia que algo corria mal no reino da Dinamarca, também nós julgamos que há algo podre no reino da Filosofia Ubiana.
Nas mais desinteressadas intenções analisamos cuidadosamente todo o processo de colocações deste ano no curso de Filosofia nas diferentes Universidades do país, e para nosso espanto descobrimos que contra os 4 caloiros que entraram na primeira fase (1 deles ainda nem apareceu), na Universidade do Porto entraram 55, e é a primeira no ranking filosófico do país, à frente de universidades como a do Minho (28), Coimbra (24), a de Letras (21) e a Nova em Lisboa (16). Como se pode reparar, a Filosofia na UBI deixa-se então cair no último lugar da tabela, com os tais quatro caloiros da primeira fase (54 a menos que no Porto e 11 do que na Universidade Nova de Lisboa).
Mas não é tudo. Na segunda fase e apesar de entrarem mais 5 alunos para a Filosofia na Ubi (três dos quais pensam já em sair em Janeiro, e outro ainda nem sequer cá pôs os pés), no Porto ainda entraram mais 26, o que perfaz um total de 81 alunos inscritos em Filosofia nessa Universidade. Também em Coimbra foram ocupadas todas as vagas, assim como no Minho e na Universidade Nova em Lisboa (só na de Letras é que das 49 ainda disponíveis, apenas 26 foram ocupadas, o que ainda assim, e apesar das sobras, perfaz um total de 47 colocados nessa faculdade). Na Ubi o caso então é flagrante (será das auto-estradas!?) das 16 vagas existentes após a entrada dos 4 alunos da primeira fase, somente entraram na segunda fase 5 caloiros. Três deles em 3º opção, um em 2º, e um outro (o corajoso) em 1º.
Depois desta análise a questão que queremos colocar aos profissionais de Filosofia, era se não havia possibilidade de fazer uma fenomenologia da questão: Porquê o êxodo no Reino da Filosofia Ubiana, quando comparado o caso, com o resto do país, - que afinal em termos de entradas em Filosofia, nem está mal de todo.
Será por causa das auto-estradas?
Sexto-Empirico

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um Livro...

A história de um homem e de uma nação. A guerra da Chechénia. O jogo de interesses disputado entre os impérios russo e otomano. A queda desse homem e uma bardana, - sobrevivente no centro de um campo recém-lavrado. O último romance de Tolstoi...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dia Mundial da Filosofia

Realizar-se-á em Palermo, Itália, nos dias 20 e 21 de Novembro as comemorações do dia mundial da filosofia. O tema que irá a palco este ano é “Poder e direitos”, uma vez que, se assinala o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eduardo Lourenço





Foi hoje homenageado o ensaísta português Eduardo Lourenço, com a entrega da medalha de Mérito Cultural pelas mãos do actual ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, após ter redigido importantes obras como: Fernando Pessoa, Rei da Nossa Baviera; Pessoa Revisitado; Sentido e Forma na Poesia Neo-Realista; entre outras. Onde transparece o pessoal interesse do pensador português pela poesia, mais propriamente ao que concerne ao universo pessoano. Titulos como, Heterodoxia, - primeiro volume publicado em 1949 -, assinalam igualmente o que é o pensamento deste filósofo, pensamento cujo, se deixa desvelar muito suncitamente até quase se confundir com a natureza intima do seu próprio autor, - como bem observara Vergílio Ferreira -, na seguinte fórmula do filósofo: "...a heterodoxia não é fácil. Serviço divino a poucos cometido, paga-o a moeda que os deuses amam: a amargura e a solidão". Em que se pode observar também, o resultado prático de uma especial atenção do condecorado por autores tão queridos a este. Husserl, Heidegger, Kierkegaard, Nietzche, Sartre, entre outros.

O facto da medalha se apresentar com as finas cores de Portugal parece ter supreendido Eduardo Lourenço, talvez habituado á ingratidão portuguesa pelos seus já poucos filhos geniais. Mas isso tudo, é pura especulação, o que importa agora, é que este acréscimo de notabilidade sobre o autor, venha a despertar a curiosidade de mais meia dúzia de leitores encostados aos grandes tomos alemães, ingleses, entre outros forasteiros, e começem a descobrir o que há de grandíloquo por cá, em português.

A homenagem prossegue na Calouste Gulbenkian onde estarão reunidas várias personalidades da cultura como, José Saramago, António Lobo Antunes, Fernando Pinto do Amaral, Helder Macedo, Gastão Cruz, entre outros, prontos a debater temas comuns ao autor heterodoxo português, Eduardo Lourenço.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O espírito olímpico...

"O espírito olímpico procura criar um modo de vida baseado na alegria do esforço individual, no valor educacional do bom exemplo e respeito pelos princípios éticos universais e fundamentais."
in Carta Olímpica, Princípios Fundamentais do Olimpismo

sábado, 2 de agosto de 2008

22º Congresso Mundial de Filosofia


A decorrer entre 30 de Julho e 5 de Agosto, o 22º Congresso Internacional de Filosofia realiza-se na Coreia de Sul e é a sua primeira incursão num país asiático. O tema para este congresso é "Repensar a Filosofia hoje" e que sucede aos temas anteriores: "A Filosofia enfrentando os problemas mundiais" (Istambul, 2003) e "A Filosofia educando a humanidade" (Boston, 1998) - os congressos realizam-se de 5 em 5 anos. 3000 Filósofos de 150 países são esperados com assuntos de afinidade com o local onde se realiza: Confucionismo, Budismo ou Taoísmo - estes encontros mundiais iniciados em 1900 em Paris, nunca tinham saído da Europa ou América. Os temas a discutir não ficam contudo por aqui: bioética, epistemologia, pós-modernismo, democracia, globalização, diálogo inter-cultural ou filosofia da ciência e tecnologia serão outros temas abordados por oradores onde se inclui Peter Sloterdijk (Alemanha), Mark C. Taylor (EUA) ou Ionna Kuraçadi (Turquia).

terça-feira, 1 de julho de 2008

PRÉMIO DE ENSAIO FILOSÓFICO VASCO DE MAGALHÃES- VILHENA- SPF 2008


Estão abertas as candidaturas para a edição de 2008 do Prémio de Ensaio Filosófico
Vasco de Magalhães-Vilhena - SPF. Este prémio é uma iniciativa da sociedade Portuguesa de Filosofia, que conta com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e que tem como objectivo eleger, sob um critério de mérito absoluto, o melhor ensaio, submetido anonimamente a concurso, sobre uma questão considerada relevante numa determinada área da investigação filosófica. Nesta edição, a área seleccionada é a Filosofia da Mente e a questão proposta é a seguinte: Tem a intencionalidade de poder ser reduzida a alguma outra coisa?
O prémio terá um valor de 3.500 euros e o ensaio vencedor será depois publicado na revista
Portuguesa de Filosofia. O regulamento pode ser consultado no sítio da sociedade
Portuguesa de Filosofia, em http://www.spfil.pt. As candidaturas poderão ser apresentadas até ao dia 31 de Dezembro de 2008.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

CARTAS ITALIANAS

As Cartas Italianas são um olhar sobre o Portugal setecentista a partir do qual se podem vislumbrar muitos aspectos da sua vida civil e intelectual. O papel do rei, os autos-de-fé, a Questão Judaica, a organização dos tribunais, a melhoria do processo penal, a representação diplomática do país no estrangeiro e o peso da Igreja Católica nas políticas públicas são alguns dos temas mais importantes da época sobre os quais Verney se debruça. Mas, nas suas cartas, podem ler-se também linhas em que o autor dá conselhos sobre variadíssimos assuntos: entre outros, as comendas, as medalhas, o serviço postal, o dote para as meninas pobres se casarem, o número de filhos adequado para as famílias, a violência das praxes académicas, o porte de armas, a presença de médicos nas partes mais pobres do território, a necessidade de virem mestres estrangeiros educar os estudantes nacionais, a protecção aos viajantes e turistas e o estado das estradas.
Contemporâneas de um tempo em que impunemente se podia falar de "queima de pessoas na fogueira" e em que a justiça demonstrava que Kafka poderia ser considerado, sem ironia, um escritor realista, as Cartas Italianas de Verney podem surpreender os mais incautos pela sua enorme actualidade em muitos dos aspectos que abordam e provocar danos na auto-imagem de tolerância e indulgência com que os Portugueses se gostam de enfeitar.
Para compras na rede visite uma das seguintes livrarias
Bisturi – Livros Técnicos, Lda.
MediaBooks.pt
WebBoom.pt
SOBRE OS TRADUTORES E EDITORES:

ANA LÚCIA CURADO
Professora da Universidade do Minho, Doutorada em Estudos Clássicos pela Universidade de Coimbra. É editora do livro A Antiguidade e Nós. Herança e Identidade Cultural (2006). É tradutora de textos clássicos.

MANUEL CURADO
Professor da Universidade do Minho, Auditor de Defesa Nacional e doutorado cum laude pela Universidade de Salamanca. É autor dos livros Luz Misteriosa: A Consciência no Mundo Físico (2007), O Problema Duro da Consciência (2003) e O Mito da Tradução Automática (2000). Editor dos livros Porquê Deus Se Temos Ciência? (2008), Mente, Self e Consciência (2007) e Consciência e Cognição (2004). É o director da revista Jornal de Ciências Cognitivas.
SOBRE O AUTOR: LUÍS ANTÓNIO VERNEY
Luís António Verney nasceu em Lisboa em 1713, filho de pai francês e de mãe portuguesa, e faleceu em Roma em 1792. Estudou no Colégio de Santo Antão e na Congregação do Oratório, e formou-se na Universidade de Évora. Viveu sempre em Itália desde os seus vinte e três anos, doutorando-se em Teologia e Jurisprudência. Foi um dos mais notáveis representantes do Iluminismo em Portugal e um grande renovador do pensamento filosófico da época. Recebeu de D. João V a tarefa de 'iluminar a nação em tudo que pudesse'. A sua obra mais influente e célebre é o Verdadeiro Método de Estudar, de 1746. Aguardam ainda tradução para português as suas obras importantíssimas De re logica, De re physica e De re metaphysica, e muitas outras. Foi amigo de grandes autores das Luzes, como Genovese e Muratori, e conviveu com a aristocracia italiana e com figuras importantes da Santa Fé. Este grande reformador do ensino português tinha um pensamento político marcadamente realista, tendo chegado a denunciar as atrocidades da Inquisição. O epitáfio por ele próprio composto revela o seu grande amor por Portugal e pela elevação do nível cultural dos Portugueses: «Deus não quis que eu iluminasse a nossa nação e eu me conformo com a Sua vontade».

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Visitas guiadas à exposição «CORPOtraçoCORPO»



Até 29 de JUNHO de 2008
EXPOSIÇÃO de PINTURA das 9 Obras em díptico do
traço(cor):verde-oliva, a 7ª cor das nove cores do projecto
«CORPOtraçoCORPO - a poesia e a pintura» de Alice Valente
LOCAL: Museu de Lanifícios da UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
Rua Marquês D' Ávila e Bolama - COVILHÃ
HORÁRIO DA EXPOSIÇÃO: Terça a Domingo das 9h30-12h00 e das 14h30-18h00
VISITAS GUIADAS pela autora a grupos ou a individuais, através de marcação: 963638473 - 213830251

quarta-feira, 4 de junho de 2008


V RAMBOIADA FILOSOFIA

V RAMBOIADA FILOSOFIA 2008

AMANHÃ, 5.ª FEIRA, dia 6, BAR C.C.D. Leões da Floresta

Início às 21 h.
23h : Actuação Tuna Feminina UBI - Moçoilas
1h: Actuação Jerónimo & Cro-Magnon
Fino - 0.50 €
Bifana - 1 €

sexta-feira, 23 de maio de 2008

WORKSHOP de Interpretação da FOTOGRAFIA – UBI

Organizado pelo Sexto-Empírico - Núcleo Filosofia da UBI
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*INSCRIÇÃO ABERTA A TODOS OS ALUNOS DA UBI
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«CORPO - traço: FOTOGRAFIA»
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27 MAIO 2008 3ªfeira 15h00 - 18h00
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LOCAL: Auditório da Parada – UBI - Covilhã
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
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ENTRADA LIVRE
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P A R T I C I P A Ç Ã O:
- Prof. Doutor Frederico Lopes – Docente do Departamento de Comunicação e Artes da UBI
- Alice Valente Alves – Artista com projectos de IMAGEM (Poesia, Pintura e Fotografia) na Criação Artística
- Alunos da UBI
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http://www.alisenao.blogspot.com/
http://www.alicevalente.wordpress.com/
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*I N S C R I Ç Ã O :
Aberta a todos os Alunos da UBI
Esta iniciativa está aberta a todos os Alunos da UBI que queiram participar em que para tal, até às 20h00 do dia 26 de Maio de 2008, deverão enviar por email, 1 ou 2 Fotografias (no máximo) de sua autoria alusivas ao CORPO.
Com a Identificação do Autor, Curso da UBI, Título da Fotografia e Descrição (facultativa).
Com Assunto: Inscrição Workshop «CORPO–traço:FOTOGRAFIA».
A enviar para os dois endereços: sexto-empirico@hotmail.com e alicevalente@sapo.pt

Posteriormente todas as Imagens irão ser publicadas pela UBI em Página (a designar) on-line

sexta-feira, 16 de maio de 2008

UBI - Candidaturas para docente no Curso de Filosofia

Universidade da Beira Interior - Departamento de Comunicação e Artes

Aceitam-se candidaturas de titulares dos graus de Doutor ou de Mestre, para o Curso de Filosofia.

+ INF: AQUI

terça-feira, 13 de maio de 2008

Filosofia Prática





A propósito do último evento organizado pelo Sexto Empírico fomos confrontados com alguns imprevistos caricatos! Para além da falta de ajuda, que seria preciosa, da senhora encarregada de limpezas- situação claramente resolvida pelo espírito filosófico multifacetado- qual é o nosso espanto, quando verificamos que o material carinhosamente cedido pelo Museu dos Lanifícios desapareceu! Mais uma vez, a filosofia revela-se sem preconceitos e entra em acção.








Mas valeu a pena!....



sexta-feira, 9 de maio de 2008

Conferência Teorias da Acção - IFP / UBI

Karl MERTENS U. Würzburg

13 de Maio 2008 Sala do Conselhos

+ Info : Who acts if we act? IFP

quinta-feira, 8 de maio de 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Professor Segre - O Conhecimento é prático

(clique na imagem para ampliar)

Sintomático

Que os filósofos se prestem, muitas vezes, a mal entendidos é um facto conhecido, embora lamentável e, em muitos casos, não muito dificil de explicar. Parecem muitas vezes afirmar, ou negar, aquilo que de facto não tencionam afirmar, nem negar; e assim são tomados como aliados, ou até mentores de correntes de pensamento que, de facto, não aprovam. Acontece muitas vezes que eles próprios não se dão conta das consequências naturais dos argumentos que apresentam; e é um facto comum que gerações posteriores, ou autores com interesses inteiramente diferentes, procurem tranquilizar-se ao isolar e aplicar mal fragmentos de doutrinas filosóficas velhas e respeitáveis.Não sendo a filosofia senão o estudo da sabedoria e da verdade, seria justificado esperar que os que nela dispendem tempo e esforço fruam de maior calma e serenidade espiritual, maior clareza e evidência de conhecimento e sejam menos perturbados por dificuldades e dúvidas que os "outros". Esperança vã! Basta um relance em volta para compreender que é afinal a "massa iletrada" a detentora dessa grande calma. Em geral, tendo a pensar que a maior parte, senão todas, as dificuldades que até hoje entretiveram e divertiram os filósofos foram inteiramente provocadas por nós - que primeiro levantámos a poeira e depois nos queixámos de não conseguir ver.Deus é melhor que merecemos; coloca no homem a aspiração legitima da sabedoria e dá-lhe, ainda por cima, um entendimento em perfeitas condições de a alcançar. Fornece à partida o "hardware" e com ele o "software" que pode correr na "máquina"; ah, e o programa é igual para todos.
Aluno de Filosofia da UBI

sábado, 3 de maio de 2008

Exposição de Bonsai - Biblioteca - UBI

O SEXTO EMPÍRICO


APRESENTA




"O traço mais característico de toda a estética é o aprazimento que esta nos dá na contemplação do mais simples objecto advindo daqui um óbvio afastamento do mundo material e de grandes construções: diria que o wabi sabi é a estética do pormenor na ligação entre homem e natureza até o corpo “transmitir” à mente um sentimento de bem-estar em que todos os objectos adquirem um profundo simbolismo."
-Márcio Meruje
DE 7 A 9 DE MAIO DE 2008
BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Neurophilosophy




Neurophilosophy Toward a Unified Science of the Mind-Brain Patricia Smith Churchland A Bradford Book The MIT Press Cambridge, Massachusetts London.


segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sir Ken Robinson: Do schools kill creativity?

O Sexto Empírico resgatou um video gravado em Fevereiro de 2006, cujo interesse é da maior importância, devido é certo, aos grandes movimentos que as sociedades mundiais se deparam, a Educação. De um lado existem os revolucionários e de outro os reaccionários. Este video, é um documento importante para se analisar o que tem evoluido neste últimos 2 anos.

domingo, 20 de abril de 2008

CORPOtraçoCORPO - 30 Abril a Julho 2008

A INAUGURAÇÃO 30 Abril 4ª feira 18h30 conta com a presença:

Reitor da Universidade da Beira Interior, Prof. Doutor Manuel José dos Santos Silva, que fará a Abertura.
Presidente do Centro Nacional Cultura, Prof. Doutor Guilherme D’Oliveira Martins, que se pronunciará sobre o CNC e o projecto de poesia e pintura de Alice Valente
Directora Museu Lanifícios da Universidade Beira Interior, Dra. Elisa Pinheiro, que irá falar sobre a importância do azeite na lã.
Presidente e Ex-Presidente do Núcleo de Estudantes Faculdade de Filosofia da UBI, respectivamente Joana Tarana e Guilherme Leitão, que irão aludir ao convite e presença do projecto CORPOtraçoCORPO na UBI.
Director do Curso de Filosofia do Departamento de Comunicação e Artes da UBI, Prof. Doutor José Rosa, falará sobre a «santidade da matéria»
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LOCAL DA EXPOSIÇÃO: Galeria de Exposições do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior / Núcleo da Real Casa de Panos - Rua Marquês d’Ávila e Bolama - COVILHÃ
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HORÁRIO DA EXPOSIÇÃO: Terça a Domingo, das 9h30 às 18h00

CORPOtraçoCORPO - «verde-oliva» e a importância do azeite na lã

Artesanalmente as ovelhas eram tosquiadas com uma tesoura própria após serem apanhadas e presas as patas. Este trabalho decorria durante os meses de Abril e Maio. A lã era lavada na ribeira. E perto fazia-se uma fogueira, onde se punha uma panela para escaldar a lã em água a ferver. De seguida colocava-se a lã num cesto, para novamente na água corrente da ribeira e agitando a cesta pudesse sair toda a goma da lã. Após secar nos juncos ou pedras da ribeira, a lã era batida ou varejada com paus, para depois ser separada.A seguir, a lã ensopava-se em azeite ou seja, a lã era colocada em talhas de barro com azeite e onde permanecia durante vários dias, para ficar mais macia .Depois de ser retirada das talhas de barro com azeite, era colocada a repousar em cestas, durante mais uns dias.De seguida a lã estaria assim pronta, para ser cardada pelo cardador que o fazia com um utensílio de madeira e pregos.Separada em pesagens de meio quilo, a lã amolecida e alisada pelo azeite, e já cardada, era enrolada em fusos pela fiadeira. E para fazer os novelos, lavavam-se primeiro as meadas de lã, na água da ribeira com uma mistura de sabão e água. Após a lavagem, o enxaguar e a secagem nas pedras da ribeira, iam à dobadeira para a apresentação final em meadas ou novelos.
ALICE VALENTE

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Inéditos de Santo Agostinho

Seis novos Sermões do mais famoso Padre da Igreja, Agostinho de Hipona (n. 354, em Tagaste, na Numídia, hoje Souk Ahras, no Leste da Argélia - m. Hipona, em 430) foram descobertos por três investigadores (Isabella Schiller, Dorothea Weber, Clemens Weidmann) na Biblioteca Amploniana da Universidade de Erfurt, na Alemanha.Um dos novos Sermões é sobre o Martírio das célebres mártires de Cartago, Felicidade e Perpétua; outro é sobre grande bispo da mesma cidade, São Cipriano, e nele Agostinho zurze um dos costumes mais arreigados do cristianismo norte-africano dos sécs. IV e V: grandes comezainas regadas com vinho, dentro dos sepulcros subterrâneos, aquando dos enterros; noutro ainda Agostinho trata da Ressureição dos Mortos e da Felicidade futura, tema decisivo das especulações escatológicas e eudemónicas dos sécs. III e IV. IV. Presume-se... que os códices originais destes Sermões provenham de círculos muito próximos de Agostinho, tendo sido levados para Inglaterra, quando o Papa Gregório Magno (m. 604) enviou dois monges cultos (Agostinho e Hadriano, também africano) evangelizar a Grã-Bretanha. As letras ali tiveram um desenvolvimento fulgurante nos séc. VII e VIII, possibilitando, por exemplo, a vinda de grandes sábios, um século mais tarde, para a Corte de Carlos Magno, em Aix-la-Chapelle, onde estiveram na origem do célebre «Renascimento Carolíngeo». Os pergaminhos terão sido copiados em Inglaterra na primeira metade do séc. XII e vindo para o Continente em data imprecisa. O que se sabe é que em 1412, um grande erudito e médico, Amplonius Rating de Berka, doou à Universidade um espólio com 633 volumes de manuscritos. Nesses volumes iam os textos de Agostinho que hoje aqueles investigadores trazem à luz.
A «Translatio Stuii» continua.
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José M. Silva Rosa
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http://www.uni-erfurt.de/amploniana/bilderschau/augustinus/bild1.php
http://www.uni-erfurt.de/presse/archiv/pressemitteilungen/2008/doc/49_08.htm

terça-feira, 15 de abril de 2008

Conferência - 16 de Abril de 2008 ES/3 Quinta das Palmeiras


(clique na imagem para ampliar)

DIVULGAÇÃO DO PROJECTO E EXPOSIÇÃO


Inaugurará a 30 de Abril de 2008 na Universidade da Beira Interior, cidade da Covilhã, a 7ª cor das nove cores do projecto «CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura» de Alice Valente.
Este projecto tem o apoio do Centro Nacional de Cultura.
CORPOtraçoCORPO é um projecto multidisciplinar iniciado no ano de 2003 e que articula poesia com pintura, assinadas pela mesma artista. O projecto pictórico final integra 9 séries de pintura, cada qual, subordinada a uma cor, com 9 telas em díptico. Após as 9 séries expostas, está previsto uma EXPOSIÇÃO FINAL com a presença das 81 OBRAS aquando do Lançamento do LIVRO com o mesmo nome do projecto e que irá conter 81 poemas ilustrados com as 81 obras e, em que a cada obra em seu título irá corresponder um poema com o mesmo título.
O traço: Vermelho estreou-se como a cor primeira e Vital na assinatura do CORPOtraçoCORPO
O traço: Castanho-Terra surgiu como a segunda cor do Movimento do projecto…
O traço: Água-azul-céu, 3ª e 4ª cor, criadas na horizontalidade… os azuis em sua Força espelham-se diluindo-se numa única cor…
O traço: Laranja-Lima, 5ª e 6ª cor, mais duas cores conjuntas em que os 9 dipticos do traço laranja e os 9 dipticos do traço limão apresentados na verticalidade, lado a lado, Alimento-vida, referenciam a importância do alimento da vida com o alimento na vida, doce e ácido, respectivamente na cor da laranja e na cor do limão.
Até ao momento, foram já expostas e apresentadas 6 das 9 cores: vermelho, castanho, água-azul-céu e laranja-lima. O traço:verde-oliva, a 7ª das nove cores será a próxima cor a ser apresentada, seguir-se-lhe-á o traço:verde. E o traço:cor de pele encerrará o ciclo das 9 cores.
Convidada pelo Núcleo de Estudantes da Faculdade de Filosofia da Universidade da Beira Interior, para fazer a mostra de um dos seus trabalhos. E porque assentes na concepção de um pensamento artístico-filosófico e desenvolvidos através de projectos no âmbito da criação artística, a autora escolheu fazer a apresentação do «traço:verde-oliva», a 7ª cor das nove cores do seu projecto «CORPOtraçoCORPO – a poesia e a pintura», em que para além das características da cor e em seu projecto, enquanto preciso em inteireza e Verdade, Alice Valente irá relacioná-la neste espaço exposicional com a importância do azeite na lã, em para amaciar e alisar a lã, esta era colocada ou ensopada, durante dias, em talhas ou potes de barro com azeite.
E será no dia 30 de Abril no Museu de Lanifícios da UBI na cidade da Covilhã que inaugurará mais uma exposição de pintura deste projecto e que contará com a presença de várias personalidades e acções e que irão ser divulgadas em breve.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dra. Christine Zuncke na UBI

Decorrerá na próxima Quinta-feira, pelas 17h30, uma sessão de seminário do IFP sobre filosofia da mente, apresentada pela Dra. Christine Zuncke na Sala dos Conselhos.
Christine Zuncke é colega da Universidade de Oldemburg, e permanecerá na nossa Universidade durante a próxima semana, ao abrigo do programa Erasmus, para algumas actividades lectivas.

quinta-feira, 20 de março de 2008

St. Pachomius Library


Tem as obras todas da Igreja Ortodoxa, desde os padres do deserto até aos nossos dias. AQUI

sábado, 15 de março de 2008

Conferência "Estética e Politica em Edmund Burcke"


29 de Abril

O IFP - Instituto de Filosofia Prática promove a realização da conferência intitulada "Estética e Politica em Edmund Burcke" que decorrerá no dia 29 de Abril, pelas 17h30 na Sala dos Conselhos.
Conferencista: Hermann PARRET U. Lovaina.

quarta-feira, 12 de março de 2008

DIA MUNDIAL DA POESIA


POEMAS SEM LIMITE NO CENTRO CULTURAL DE BELÉM

22 MARÇO, SÁBADO
DAS 12H00 ÀS 20H30
ENTRADA LIVRE

NO CCB ONDE TODOS OS POETAS ESTÃO VIVOS
COMEMORA-SE O DIA MUNDIAL DA POESIA
COM UMA SÉRIE DE ACTIVIDADES FESTIVAS
ABERTAS AO PÚBLICO, ORGANIZADAS EM PARCERIA
COM O PLANO NACIONAL DE LEITURA.
PROGRAMA
1. 12H00-19H00 Foyer Auditórios: ESPAÇO DE TROCA
2. 12H00-20H30 Recepção do Centro de Reuniões: FEIRA DO LIVRO DE POESIA – SODILIVROS
3. 12h00-20h00 Galeria Mário Cesariny: EXPOSIÇÃO DE ANA HATHERLY
4. 12h00-18h00 Salas Eugénio de Andrade: ESPAÇO DE FAZER POESIA
5. 12h00-19h00 Foyer Eugénio de Andrade: DIGA LÁ UM POEMA
6. 12h00-19h00 Foyer da Recepção do Centro de Reuniões: AS FACES DO POETA
7. 12h00-19h00 Foyer Vitorino Menésio: O CANTO DOS POETAS
8. 14h00-18h00 Sala Luis de Freitas Branco: DE VIVA VOZ
9. 15h00-18h00 Sala de Leitura: CONFERÊNCIAS
18h30-20h00 Grande Auditório: ESPECTÁCULO: UMA CANÇÃO PARA OUVIR-TE CHEGAR

segunda-feira, 10 de março de 2008

Gianni Vattimo em Portugal

Foi nos passados dias 4 e 5 de Março que Gianni Vattimo esteve presente no nosso país, para participar em mais uma edição das jornadas de teologia, organizadas pela Universidade Católica do Porto. Este ano o tema era o retorno do religioso, sobre o qual escreve Vattimo na sua obra "Acreditar em acreditar".
Vattimo, no seu estilo sempre polémico, inicia a sua comunicação, em tom de gracejo, dizendo que quando contou aos amigos que ia fazer uma conferência a teólogos aqueles ficaram admiradíssimos, não compreendendo como era possível. O espanto dos amigos tornar-se-á mais compreensível à medida que Vattimo vai desenrolando as suas ideias na conferência.
São vários os assuntos que o filósofo italiano vai desfiando ao longo da sessão. A maior parte relacionados com a Igreja Católica. Ousado e sem "papas na língua" Vattimo coloca uma série de "questões embaraçosas" aos representantes da Igreja Católica que ali se encontravam. Directamente, sem rodeios, Vattimo pergunta porque é que as mulheres não podem ser sacerdotes, uma vez que há falta de vocações masculinas na igreja e as mulheres podem ser excelentes veículos de transmissão do evangelho, tanto ou mais que os homens. Vattimo acrescenta, como forma de refutação aos que defendem que Jesus delegou a missão somente a homens, que nesse sentido, o papa teria de ser judeu e pescador. Nesta altura já o senhor bispo do Porto, D. Manuel Clemente, enrubescia. Vattimo continua, desta vez refere a questão do preservativo. Proibir o uso do preservativo, afirma Vattimo, é passar um atestado de castidade a toda a humanidade. Um outro tema quente foi o da família. Assumidamente homossexual, o filósofo italiano, defende que o conceito de família é muito mais abrangente que a convencional. Família não é somente o casal heterossexual e os filhos. Trata-se igualmente de uma família as monoparentais, os casais homossexuais e tantas outras variações possíveis.
Por todo o anfiteatro ouviam-se sussurros de surpresa. Ninguém esperava este tipo de discurso perante uma assistência repleta de padres e freiras e estudantes de teologia, mesmo no âmago do saber da Igreja Católica.
Este homem admirável, filosoficamente, afirma-se seguidor de Nietzsche e Heidegger. Foi pupilo de Pareyson e, mais tarde, de Gadamer. Tenta conciliar o niilismo nietzschiano com o cristianismo. Defende, com Heidegger, a morte da metafísica. Criador do termo "pensamento débil".
Homem onde os opostos se conciliam, síntese entre contrários, Vattimo afirma que é homossexual, marxista, comunista e católico.
Vale a pena travar conhecimento com este interessante homem dos nossos tempos, até porque ele é extremamente simples e acessível, como tive oportunidade de verificar na curta conversa que tive com ele.


Bibliografia em português:

Acreditar em Acreditar, Relógio d'Àgua, Lisboa, 1998
As aventuras da diferença: o que significa pensar depois de Heidegger e Nietzsche, Edições 70, Lisboa, 1980
O fim da modernidade: niilismo e hermeneutica na cultura pós-moderna, Presença, Lisboa, 1987
Introdução a Heidegger, Edições 70, Lisboa, 1987
Introdução a Nietzsche, Presença, Lisboa, 1990
A sociedade transparente, Relógio d'Água, Lisboa, 1992

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http://en.wikipedia.org/wiki/Gianni_Vattimo ver noticia da sua visita in P

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Texto escrito por: Patricia Calvário - Colaboradora do Sexto Empírico e Licenciada em Filosofia na UBI, actualmente é aluna de Mestrado em Filosofia Medieval na U. Porto.

A Memória...

«O que é a memória? Já não me lembro. Lembro-me de ter estudado e lembro-me da cor da capa do livro de Aristóteles. Lembro-me da rapariga que estava sentada ao meu lado. Mas não me lembro de mais nada. Porque é que eu me lembro de vinte marcas de desodorizante e não me consigo lembrar dos olhos da minha mãe? Os desodorizantes interessam-me? Não. Mas a minha mãe faz-me falta.
Porque é que me lembro exactamente das caras que vi no comboio a semana passada e não me consigo nunca lembrar exactamente da cara da pessoa de quem mais gosto? O amor e a memória conspiram juntos. É por não nos conseguirmos lembrar de quem amamos que temos de estar sempre junto dela. A olhar para ela. Cada vez que a vejo sou apanhado de surpresa. Baque do costume. Já chateia. É sempre diferente, mais bonita, mais interessante do que eu pensava.
Porque é que eu não me consigo lembrar da cara dela? Já tentei. Já fiz tudo. Fiquei acordado a tentar aprendê-la de cor. Estudei-a. Sobrancelha por sobrancelha. Dez minutos para cada uma. Tirei apontamentos. Escrevi-a num caderno. Tirei-lhe fotografias. Pendurei-a na parede. Decorei o meu quarto (e os interiores do meu coração) com ela, mas mesmo assim não a consigo ver. No momento em que tiro os olhos dela, desaparece. Os meus olhos prendem-se a ela, mas os olhos dela não param dentro de mim. Isto assusta-me. Ela impressiona-me tanto. Mas não deixa impressão. Deixa um vazio. É isso que o amor faz. Troça de nós. Ou se calhar ela é como um bombardeamento que presencio e esqueço. Como um soldado cheio de medo, escondido na minha trincheira, varro-a da memória. E depois ela volta quando começo a sonhar.
A memória não é uma vontade. Não me lembro do que quero. Lembro-me do que não quero. Odeio ser assaltado por uma reminiscência. Apetece-me resistir, não entregar o que ela pede, chamar a polícia. Mas somos todos uns bananas da lembrança. Não atacamos a memória: somos atacados por ela. Passamos por um perfume e mergulhamos. Passam uma cantiga na telefonia e caímos. Passa um nome na rua e passámo-nos.
Devíamos provocar a lembrança. Estou aqui sentado e resolvo lembrar-me dum amigo meu que não vejo há muito tempo. Vou buscar as cartas que me escreveu. Abro uma garrafa do whisky que ele costuma beber. Ponho o disco que ouvíamos. E lembro-me. Assim lembrar faz bem. Faço um esforço. Quando o conheci? Quantas vezes nos rimos das mesmas coisas? Assim lembrar é feliz. Quando somos apanhados desprevenidos é que nos dói. Velha questão. Como é que eu torno as minhas saudades em lembranças?
Faço de conta que alguém está à procura dele. Faço de conta que alguém pergunta por ele. Como num interrogatório. Tudo o que pode depender de um pormenor. Da cor de uma camisola. Da hora e da temperatura do dia. “Tente lembrar-se!” Quando me lembro assim dum amigo meu, procurando com toda a minha lembrança dele, fazendo força na cabeça, faço fé no meu coração e torno-me testemunha da amizade dele.
Não é isto que fazemos. Somos espontâneos. Só nos lembramos do que nos ocorre. Bestas. Molengas. Achamos que a memória não se deve forçar. Friques. Esprememos os miolos em exames absurdos sobre assuntos que esquecemos logo de seguida, mas quando se trata da nossa alma somos incapazes de fazer o mínimo de esforço. Ficamos de perna aberta perante a sucessão das coisas. Parecemos daqueles patos de barraca-de-feira à espera de sermos atingidos pelos disparos. Digo “Aquele filme fez-me lembrar o João.” Fez-me. Obrigou-me. Preferia ter sido eu a decidir-me lembrar. A lembrança, que é de todos os estados de alma o mais bonito, por fazer pouco do tempo e trocar as voltas todas à realidade, deveria ser uma coisa que nós fizéssemos, por vontade, por amor, por hábito. Não deveria ser uma coisa que nos fosse feita.
Porque é que somos tão passivos na maneira de nos lembrarmos? Porque nos põe triste a lembrança da felicidade. Porque, muito portuguesmente, só nos ocorre a lembrança da felicidade quando estamos afundados na mais terrível tristeza. É com a primeira lágrima que vem a imagem do primeiro sorriso. Lembrar torna-se uma maneira de nos martirizamos. E quanto mais pensamos “Ai, eu fui tão feliz!” mais tristes nos tornamos. Nestas circunstâncias, a lembrança é apenas uma das modalidades portuguesas de termos pena de nós próprios.
Devíamo-nos lembrar da felicidade quando estivéssemos felizes. A lembrança fica bem à alegria. Em vez de nos entregarmos completamente ao momento de alegria, com aquela ganância que acaba por ser entre nós uma forma de desespero, deveríamos deixar um pouco de nós, ir um pouco atrás, ir buscar outro momento passado, outra passada alegria. Quando dois amantes estão a rir-se, nos braços um do outro, nariz incapaz de largar nariz, é lindo quando um deles diz “Lembras-te?”
Há outra coisa que não está certa em nós. Quando alguém desaparece da nossa vida, somos sempre apanhados desprevenidos. Sentimo-nos arrependidos de não ter passado mais tempos com ele, de não ter ido mais longe. Há pessoas, como os nossos pais, que sabemos irão morrer antes de nós. E sabemos de antemão que nos vai doer. No entanto, comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como que se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar deles como da vida.
Devemos tentar aprender de cor quem amamos. Tentar fixar. Armazená-las para o dia em que nos fizerem falta. São pobres as maneiras que temos para o fazer, é tão fraca a memória, que todo o esforço é pouco. Guardá-las é tão difícil. Eu tenho um pequeno truque. Quando estou com quem amo, quando tenho a sorte de estar à frente de quem adivinho a saudade de nunca mais a ver, faço de conta que ela morreu, mas voltou um único dia, para me dar uma última oportunidade de a rever, olhar de cima a baixo. Fazer as ultimas perguntas que faltou fazer, reparar em tudo o que não vi; uma ultima oportunidade de a resguardar e de a reter. Funciona.
A memória é uma desarrumação. Deixada ao acaso, torna-se num armazém de retalhos. Se deixarmos a memória à vontade dos fregueses, nunca mais encontramos o que queremos. Veja só as coisas de que se lembra. Escreva num papel. Tanta inutilidade! Como é possível encontrar esse dia quente no rio que procura entre tantos nomes de cacilheiros, cabeçalhos de jornais e caras de cançonetistas? A nossa memória é um monte de lixo onde estão as luzes da nossa vida. Já que não nos conseguimos esquecer de tantas ninharias, pormenores irrelevantes, restos de estudos obsoletos – as apófises dos pombos e os sistemas de clivagem, a paisagem de Vila Franca, os invólucros de rebuçados – devíamos fazer um esforço grande para nos lembrarmos do que nos importa e encanta. Enquanto está a acontecer. Bem sei que a magia não é memorizável. Mas quando se repara nela com propósito e gratidão, fica a poeira do momento. E a poeira do momento é melhor do que nada.
A memória em si não é nada. Não é bonita nem feia, nem útil, nem inútil. Ia a dizer que é o que se quiser mas nem isso. É uma maneira de dar sentido ao que se vive. É uma coisa que fazemos. Em nome do que trazemos na alma, e por causa do amor, faz sentido fazê-la o melhor que podemos. Agora há alguém que seja capaz de me explicar porque é que eu não sou capaz de me lembrar da cara do meu amor? A memória é uma coisa que não lembra ao diabo.»


Miguel Esteves Cardoso, in As minhas aventuras na Republica Portuguesa

quinta-feira, 6 de março de 2008

Filosofia para o Dia-a-Dia...

Epicuro:


Sócrates 1:


Sócrates 2:

quarta-feira, 5 de março de 2008

Actividades do IFP - Instituto de Filosofia Prática

Conferência:
Ralf KUHN U. Viena
Phenomenologie minimale: la motivation d´une centre-réduction radicale
13 de Março 2008
Sala dos Conselhos, 17:30

Conferência:
Sara ALLEN U. Concórdia, Montreal

Heidegger e Levinas
17 de Abril 2008 (data a confirmar)
Sala dos Conselhos, 17:30

Conferência:
Karl Mertens U. WürzburgTheories of Action
13 de Maio 2008 Sala dos Conselhos, 17:30

Colóquio:
Centenário de Merleau-Ponty
Colóquio Internacional Outubro de 2008

terça-feira, 4 de março de 2008

Apelo Empírico...

O Sexto Empírico informa que vai proceder à actualização da lista de sócios do Núcleo. As cotas anuais que nos fornecem os fundos necessários para as nossas actividades serão de dois euros e meio, um valor simbólico mas fulcral para a realização dos nossos projectos de carácter cultural e recreativo. Assim apelamos a todos aqueles que nos têm vindo a acompanhar e a futuros interessados, que se juntem à nossa causa e se inscrevam como sócios do Núcleo.

Os Melhores Cumprimentos,

O Sexto Empírico.




Abismo do Pensamento
"Abissologia - Para uma Ciência Transitória do Indiscernível (e o título diz desde logo muito) são 27 novas obras, incluindo duas instalações, 21 novos filmes de 16mm e 3 esculturas, uma das quais em vidro maciço numa técnica de "casting" nunca antes praticado em Portugal.
(...)
"Abissologia" explicam os artistas, é a ciência que estuda o abismo - termo referente a um neologismo encontrado no livro "La Grande Beuverie" (ou seja, "A Grande Bebedeira"), romance satírico e de contornos metafísicos que o escritor, filósofo e poeta René Daumal (1908-1944) escreveu em 1938, uma farsa com, dizem os convertidos, a verve de uma Rabelais, o sentido de aventura e fantástico de um Júlio Verne, a dimensão filosófica de um Voltaire e o absurdo de um Kafka."

Jornal Público, Ípsilon, artigo por Vanessa Rato, 29 de Fevereiro de 2008


domingo, 2 de março de 2008

Alice Valente - Corpo_traço_Corpo

Alvin Toffler comenta o Sistema de Educação actual.




Videos Relacionados

SIC Noticias

Ver Também um pequeno documentário Realizado por Alex Grasshoff e narrado por Orson Welles no ano de 1972. Este documentário, Future Shock, foi baseado no livro que dá também o nome ao doc. Dividido em 5 partes. 1_2_3_4_5 - YouTube

Será possível recategorizar «nós» e «eles»?

Duas estradas divergiam num bosque e eu segui a menos percorrida – e isso fez toda a diferença. In The road not taken de Robert Frost (1874-1963).
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Introdução

Atendendo ao fenómeno psicossocial de estereótipo, preconceito e discriminação, parece ajustado chegar-se a mudar a história de vida de alguém pertencente a uma minoria, por vir a contar a experiência de forma alternativa[1]? Perceber de distinta forma pessoas, por se recategorizar «nós» e «eles», possibilitará outra base para compreendermos o mundo, pretendermos mudá-lo e sugerirá novas potencialidades linguísticas e do léxico mental[2] para a dissimetria entre pessoas?
Um estereótipo é «uma crença ou um conjunto de crenças sobre pessoas, integradas em uma categoria social particular»[3]. Mesmo criando horrores por destruição de povos, o estereótipo faz-nos viver, dia após dia, inferindo como «eles» sejam, desagradados com os seus gestos, palavras ou atitudes.
Este artigo é orientado pela temática do estereótipo – esquema mental (schema, schemata, no plural)[4], do preconceito social e da discriminação do outro, com ênfase em operações cognitivas comuns e em atalhos cognitivos – os denominados túneis da mente...
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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Manuais – Espaço para debate

Este texto é dirigido a todos os colegas, professores de filosofia no ensino secundário. Trata-se de um apelo. A crítica pública de manuais escolares é essencial e um dos melhores caminhos para melhorar a qualidade dos manuais e, por conseguinte, das nossas aulas e opções lectivas. Disponibilizo este blog como espaço aberto à crítica de manuais, visto que muitos colegas tem ideias a explorar, mas sem local próprio para as publicar. Disponibilizo dois contactos de e-mail para os quais podem ser enviados os vossos textos a fim de ser publicados. Como é óbvio, não publicarei textos anónimos nem insultuosos. A ideia é de uma forma pedagógica apontar erros, dificuldades, limitações, etc… e também os pontos positivos ou as vantagens que existe em optar pelo manual X e não pelo Y. É indiferente se vamos defender uma linha mais hermenêutica ou uma linha mais analítica, ou outra coisa qualquer. O espaço está aberto ao debate. Só espero mesmo pela reacção. Pela minha parte vou fazer o meu trabalho de casa. No final indicarei o número de professores que resolveram dar-se ao trabalho de fazer crítica de manuais, seja esse número de 1000 ou 0. É claro que nos referimos aos manuais de filosofia, referentes ao 11º ano que estarão em breve disponíveis para adopção.
Mãos à obra.

Contactos:
rolandotavaresalmeida@gmail.com
rolandoa@netmadeira.com

+inf: http://rolandoa.blogs.sapo.pt/

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Biblioteca on-line de Filosofia

O Instituto de Filosofia Prática e o LabCom apresenta a http://www.lusosofia.net .
"É um Projecto de uma Biblioteca on-line de Filosofia em Português que ainda está dar os primeiros vagidos. "
O projecto está a cargo de José M. Silva Rosa, Artur Morão, António Fidalgo.
+ Inf: Brevemente