Foi nos passados dias 4 e 5 de Março que Gianni Vattimo esteve presente no nosso país, para participar em mais uma edição das jornadas de teologia, organizadas pela Universidade Católica do Porto. Este ano o tema era o retorno do religioso, sobre o qual escreve Vattimo na sua obra "Acreditar em acreditar".
Vattimo, no seu estilo sempre polémico, inicia a sua comunicação, em tom de gracejo, dizendo que quando contou aos amigos que ia fazer uma conferência a teólogos aqueles ficaram admiradíssimos, não compreendendo como era possível. O espanto dos amigos tornar-se-á mais compreensível à medida que Vattimo vai desenrolando as suas ideias na conferência.
São vários os assuntos que o filósofo italiano vai desfiando ao longo da sessão. A maior parte relacionados com a Igreja Católica. Ousado e sem "papas na língua" Vattimo coloca uma série de "questões embaraçosas" aos representantes da Igreja Católica que ali se encontravam. Directamente, sem rodeios, Vattimo pergunta porque é que as mulheres não podem ser sacerdotes, uma vez que há falta de vocações masculinas na igreja e as mulheres podem ser excelentes veículos de transmissão do evangelho, tanto ou mais que os homens. Vattimo acrescenta, como forma de refutação aos que defendem que Jesus delegou a missão somente a homens, que nesse sentido, o papa teria de ser judeu e pescador. Nesta altura já o senhor bispo do Porto, D. Manuel Clemente, enrubescia. Vattimo continua, desta vez refere a questão do preservativo. Proibir o uso do preservativo, afirma Vattimo, é passar um atestado de castidade a toda a humanidade. Um outro tema quente foi o da família. Assumidamente homossexual, o filósofo italiano, defende que o conceito de família é muito mais abrangente que a convencional. Família não é somente o casal heterossexual e os filhos. Trata-se igualmente de uma família as monoparentais, os casais homossexuais e tantas outras variações possíveis.
Por todo o anfiteatro ouviam-se sussurros de surpresa. Ninguém esperava este tipo de discurso perante uma assistência repleta de padres e freiras e estudantes de teologia, mesmo no âmago do saber da Igreja Católica.
Este homem admirável, filosoficamente, afirma-se seguidor de Nietzsche e Heidegger. Foi pupilo de Pareyson e, mais tarde, de Gadamer. Tenta conciliar o niilismo nietzschiano com o cristianismo. Defende, com Heidegger, a morte da metafísica. Criador do termo "pensamento débil".
Homem onde os opostos se conciliam, síntese entre contrários, Vattimo afirma que é homossexual, marxista, comunista e católico.
Vale a pena travar conhecimento com este interessante homem dos nossos tempos, até porque ele é extremamente simples e acessível, como tive oportunidade de verificar na curta conversa que tive com ele.
Vattimo, no seu estilo sempre polémico, inicia a sua comunicação, em tom de gracejo, dizendo que quando contou aos amigos que ia fazer uma conferência a teólogos aqueles ficaram admiradíssimos, não compreendendo como era possível. O espanto dos amigos tornar-se-á mais compreensível à medida que Vattimo vai desenrolando as suas ideias na conferência.
São vários os assuntos que o filósofo italiano vai desfiando ao longo da sessão. A maior parte relacionados com a Igreja Católica. Ousado e sem "papas na língua" Vattimo coloca uma série de "questões embaraçosas" aos representantes da Igreja Católica que ali se encontravam. Directamente, sem rodeios, Vattimo pergunta porque é que as mulheres não podem ser sacerdotes, uma vez que há falta de vocações masculinas na igreja e as mulheres podem ser excelentes veículos de transmissão do evangelho, tanto ou mais que os homens. Vattimo acrescenta, como forma de refutação aos que defendem que Jesus delegou a missão somente a homens, que nesse sentido, o papa teria de ser judeu e pescador. Nesta altura já o senhor bispo do Porto, D. Manuel Clemente, enrubescia. Vattimo continua, desta vez refere a questão do preservativo. Proibir o uso do preservativo, afirma Vattimo, é passar um atestado de castidade a toda a humanidade. Um outro tema quente foi o da família. Assumidamente homossexual, o filósofo italiano, defende que o conceito de família é muito mais abrangente que a convencional. Família não é somente o casal heterossexual e os filhos. Trata-se igualmente de uma família as monoparentais, os casais homossexuais e tantas outras variações possíveis.
Por todo o anfiteatro ouviam-se sussurros de surpresa. Ninguém esperava este tipo de discurso perante uma assistência repleta de padres e freiras e estudantes de teologia, mesmo no âmago do saber da Igreja Católica.
Este homem admirável, filosoficamente, afirma-se seguidor de Nietzsche e Heidegger. Foi pupilo de Pareyson e, mais tarde, de Gadamer. Tenta conciliar o niilismo nietzschiano com o cristianismo. Defende, com Heidegger, a morte da metafísica. Criador do termo "pensamento débil".
Homem onde os opostos se conciliam, síntese entre contrários, Vattimo afirma que é homossexual, marxista, comunista e católico.
Vale a pena travar conhecimento com este interessante homem dos nossos tempos, até porque ele é extremamente simples e acessível, como tive oportunidade de verificar na curta conversa que tive com ele.
Bibliografia em português:
Acreditar em Acreditar, Relógio d'Àgua, Lisboa, 1998
As aventuras da diferença: o que significa pensar depois de Heidegger e Nietzsche, Edições 70, Lisboa, 1980
O fim da modernidade: niilismo e hermeneutica na cultura pós-moderna, Presença, Lisboa, 1987
Introdução a Heidegger, Edições 70, Lisboa, 1987
Introdução a Nietzsche, Presença, Lisboa, 1990
A sociedade transparente, Relógio d'Água, Lisboa, 1992
As aventuras da diferença: o que significa pensar depois de Heidegger e Nietzsche, Edições 70, Lisboa, 1980
O fim da modernidade: niilismo e hermeneutica na cultura pós-moderna, Presença, Lisboa, 1987
Introdução a Heidegger, Edições 70, Lisboa, 1987
Introdução a Nietzsche, Presença, Lisboa, 1990
A sociedade transparente, Relógio d'Água, Lisboa, 1992
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http://en.wikipedia.org/wiki/Gianni_Vattimo ver noticia da sua visita in P
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Texto escrito por: Patricia Calvário - Colaboradora do Sexto Empírico e Licenciada em Filosofia na UBI, actualmente é aluna de Mestrado em Filosofia Medieval na U. Porto.
1 comentário:
Gostei deste pensador, sem dúvida questões que devem ser apontadas ao cristianismo dos nossos dias.
Para a Patrícia uma grande abraço cheio de saudades.
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