A Filosofia saiu à rua!
Não que não estivesse bem! Entre quatro húmidas e velhas paredes a "marrar" Kant, ou outro senhor de nome irrisório de pronunciar. Não que a Filosofia se sentisse sozinha, visto que este ano ainda conseguimos angariar, nove caloiros... Mas quisemos saber o porquê do sucesso de outros cursos, especialmente emergentes e tecnocratas, face a uma ciência tão expansiva, tão antiga e imprescindível como a Filo-Sofia. Interpelamos assim diversos alunos de outras áreas acerca do que pensavam eles sobre o que era isso da Filosofia. As respostas lá foram saindo. Curtas, gaguejadas, tímidas, ainda assim, sinceras. À primeira pergunta "O que é a Filosofia?", Francisco Marques, segundo ano de Bioquímica, respondera: " é sem dúvida a primeira ciência do mundo". Estranho! Pois quando mais à frente lhe perguntei, se se algum dia tivesse oportunidade, arriscaria uma licenciatura em Filosofia, prontamente me disse "Não". Justificando que a Filosofia não era uma ciência emergente no nosso Portugal. O que isso significa exactamente? Que a filosofia é sem dúvida o príncipio, mas nunca o fim? Então, qual será a ciência do fim? E servirá então a Filosofia para alguma coisa, nos tempos que correm? Três alunos de Cinema afirmaram positivamente, que nos tempos que nos trespassam, é necessária uma disciplina como a filosofia para que de modo imediatamente paralelo, se possa responder suficientemente aos constantes problemas com que uma sociedade multicultural e dita democrática se debate, quase ao ritmo da sua própria evolução. Não que soubessem eles, alguma coisa de Filosofia, visto que da Filosofia dada no secundário (obrigatória!) recordavam-se apenas dos denominadores comuns da disciplina: Platão; Aristóteles; Descartes; Kant; entre outros, que entre-tanto se tinham esquecido. Mas isso da Filosofia assumir um papel significante nos tempos coevos, parecia-lhes suficientemente claro! A falta de "liberdade" artística na Filosofia foi muito bem aludida por Marco, um estudante de Arquitectura. Dizia ele, que a Filosofia, por se empenhar na resolução de temas particularmente "duros", e fundamentalmente conceptuais. Que não deixava muito espaço ao "espaço" da criação; ao desenvolvimento subjectivo pela arte. Enquanto um aluno de Engenharia Cívil ao mesmo tempo disparava: "já não ter cabeça para isso, isso da Filosofia".
Para terminar, perguntei a uma colega finalista do meu curso, quais eram as suas perspectivas, o que iria fazer no futuro, em que parte a filosofia comparticiparia nesse seu amanhã. A Susana segredou-me que iria fazer um mestrado na área de Jornalismo, e que a Filosofia lhe serviria então, de "meio para...". O que, inevitavelmente, me reconduz às perguntas que acima coloquei. Com que então, a Filosofia é só "o princípio". Com que então ela é só "um meio". Então qual é o fim? E Sócrates, quantas voltas já deve ter dado ao túmulo, pelos seus "próprios discípulos" assumirem esse "abatimento" da Filosofia para um segundo plano, nunca como um télos, mas como um troco sofista. Um naipe no bolso, pronto a ser lançado, quando a situação assim o exige!
Sexto Empírico
Sexto Empírico
7 comentários:
A filosofia realmente não é para todos! muitos acham que é a filosofia que faz deles melhores mas esquecem-se que somos Nós que fazemos a filosofia! quantos estudantes de filosofia não A assassinam todos os dias? Quantos não a "marram" para uma frequencia, exame ou trabalho e A esquecem, como se fossem apenas palavras soltas numa folha branca!
A filosofia, na minha modesta ideia, não é o principio, nem o fim... a filosofia é o TODO! é a origem, o constante que nos acompanha até ao fim, sempre a nosso lado... mas continua após o nosso fim enquanto "cadáveres adiados que procriam". mas quantos não há que vêm para a filosofia, na esperança de ressuscitarem quando já estão em paragem cerebral à demasiado tempo...
Felizes os que VIVEM e coitados dos que vão sobrevivendo!
errata:
"Mas quantos..."
"há demasiado tempo..."
Dsc fui traida pela pressa!
Caros,
A filosofia nem é mais nem menos exigente que a biologia ou a bioquímica. Tem áreas mais sofisticadas e outras menos. O problema da falta de produtividade da filosofia começa nas universidades como a portuguesa na qual a filosofia que se pratica não é mais do que a expressão pedante do exercício do poder pela pseudo intelctualidade. Por contraste, nos países anglo saxãos, a filosofia tem indícies de produtividade impressionantes. Nós aqui deixamos as áreas que deveriam pertencer à filosofia em mãos alheias, como o pensamento crítico, entre outras. Na verdade o modo como se pratica filosofia em portugal faz pensar que a filosofia não serve para nada, mas tal ideia não corresponde à totalidade do universo onde quer que se pratique filosofia.
Mas achei este exercício do post muito interessante e queria dar os parabéns ao autor, mesmo que tenho incorrido num erro elementar. A filosofia não é uma ciência.
Se não é uma ciência é o quê?
A Filosofia e segundo o comentário da Ana: ... não é o principio, nem o fim... a filosofia é o TODO!
A Verdade está ao nosso alcance só e através da Filosofia, como objectivo primeiro da existência desse TODO. E a Filosofia nos que a aprendem e efectivamente a praticam, sabem que assim é, mas depois existem os outros, os que não querem saber (de um qualquer querer aprender ou ensinar sem praticar) e a torná-la assim completamente redutora...
Deixo-vos com este link >>> ESPINOSA e o objectivo da Filosofia: a VERDADE
E porque este post me tocou bastante, não resisti a deixar aqui um comentário.
Assim dou os parabéns ao seu autor e a todos do Sexto-Empírico com um grande e afectuoso Abraço
Alice
Para quem não sabe ... ontem foi o dia internacional da Filosofia.
"Every third thursday of November was proclaimed International Philosophy Day by UNESCO"
Fonte: Wikipedia ( Porque esta não existe exclusivamente para uma facilidade de plágio nas provas escritas, em especial trabalhos ).
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