domingo, 18 de abril de 2010

Caeiro sob o Espectáculo de Sartre

Apresentação de Pedro Tiago Serras, «Caeiro sob o espéculo de Sartre - As (as)simetrias de Caeiro e Roquentin», na próxima 4ª feira (21 de Abril, 10.00-11.15h, sala 4.03, Edifício ID da FCSH). A apresentação será seguida por uma discussão aberta a todos os participantes.


Abstract da Conferência:
Se Roquentin apresenta uma consciência reflexiva que se volta para si e que concomitantemente se reflecte a si mesma, Caeiro projecta a exterioridade das coisas na sua interioridade, saindo de si (suspendendo-se) para, através do exterior, chegar de novo a si, fazendo um movimento circular cujo ponto de chegada é equivalente ao desejo que lhe impulsiona o ponto de partida, deambulando pelas coisas em busca do que espera a priori encontrar. Sendo o Eu, portanto, anterior ao éclatement para o “lá fora”, o outro intercala-se entre ele e ele-mesmo apenas para confirmar a coincidência de ambos. Estes dois, no caso de Roquetin, não são sobreponíveis, sendo o último uma metamorfose que se opera sobre o primeiro. Mas para que Caeiro se encontre pela recriação da linguagem que o gera, é preciso que esteja à partida fixado, tornando-se no que já era – um pour-soi que escolheu tentar construir sobre si um en-soi. A dificuldade em Caeiro não advém da ausência de atribuições conceptuais às coisas, mas daquilo em que o indivíduo (Caeiro) se vê transformado na inexistência desses mesmos vínculos de significação. Difere Roquentin do poeta pessoano, uma vez que encerra em si, com todos os custos humanos inerentes, a impossibilidade de um utópico en-soi.

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