quinta-feira, 12 de julho de 2007

Gadamer, na obra "Verdade e Método"

“A Linguagem não é somente um dentre muitos dotes atribuídos ao homem que está no mundo, mas serve de base absoluta para que os homens tenham mundo, nela se representa mundo”.
(Gadamer – A Virada Ontológica da Hermenêutica no fio condutor da Linguagem)
"Pode dizer-se: sem a linguagem não podemos comunicar? Isso soa como se houvesse comunicação sem linguagem. Porém o conceito de linguagem repousa sobre o conceito mesmo de comunicação".
-(Wittgenstein - Os Cadernos Azul e Marrom)





Gadamer, na obra “Verdade e Método”, percebera que a tradição não podia apoiar-se nas interpretações metafísicas da razão. O ser humano esclarecido só tinha, como participante da tradição (que é algo vivo, devendo sofrer alterações e ser unificada), uma interpretação das próprias condições históricas que, vindas da tradição o determinam. O filósofo tenta, deste modo, salvar a substância da tradição por meio de uma apropriação hermenêutica. Pretende mostrar como é que a razão deve ser recuperada da historicidade do sentido, constituindo-se a tarefa hermenêutica, como a auto-compreensão que o indivíduo alcança como participante e intérprete da tradição histórica. A principal tarefa do intérprete é descobrir a pergunta a que o texto vem dar resposta, isto é, compreender um texto é compreender a pergunta. Um texto acaba por ser um acontecimento, ao ser actualizado na compreensão, que representa uma possibilidade histórica. Ao entendermos a pergunta colocada pelo texto, fizemos já perguntas a nós próprios e, por conseguinte, abrem-se novas possibilidades de sentido.
A fusão do horizonte (a conexão e a relação entre as diferentes culturas abrem novos horizontes tanto a nível comercial como político) é inconcebível sem a intervenção da linguagem. Para Gadamer o problema da linguagem constitui o tema central da sua filosofia hermenêutica. Esta já não é considerada como uma teoria, mas o próprio meio de interpretação, cujo foco não é expresso em termos de uma compreensão da existência, mas sim em termos da compreensão da linguagem. A própria natureza do homem tem de ser definida como sendo linguística: “ele existe, respondendo com palavras, aos apelos do ser”. A linguagem revela-nos o mundo, o espaço que rodeia e une os participantes, num “jogo” em que entram os seus preconceitos. “Da relação da linguagem com o mundo, provém a sua realidade específica. As realidades entram na linguagem”. O seu carácter universal consiste no seguinte: “não é o reflexo de algo adquirido, mas o aparecimento na linguagem de uma totalidade de sentido…o ser que pode ser compreendido é a linguagem”.
A linguagem é o acto de comunicar que serve a expressão do pensar e do sentir, manifestando-se através da oralidade, da escrita, do gesto e da visão, tendo a língua como acesso. “A linguagem permite-nos criar mundos”.”A linguagem humana adopta-se ás finalidades mais vastas e complexas. Através dela, o homem é, de facto, capaz de captar e dar forma a toda a realidade”. Em toda e qualquer acção da sua vida o homem está a utilizar a linguagem nas manifestações de choro, carinho, sexo, etc. Desde que nasce tem tendência por hereditariedade apreender e assim manifestar o que se passa á sua volta, falando e actuando como os seus iguais. Dotado de uma inteligência superior e supremacia em relação aos outros seres, o homem desenvolve mecanismos de comando, onde ele é o dominador, “comandante” dos destinos do mundo. A sua superioridade tem levado o planeta quase ao “caos”, desenvolvendo armas poderosas que tem mudado e continuam a mudar partes da história universal (armas de destruição massiça como a que devastou Hiroxima). Podemos ver o que Hitler fez na 2ª guerra mundial, dizimando um povo quase na totalidade, educando a raça ariana como sendo a superior. Pela sua insanidade, quis ser senhor do mundo.
É através da linguagem que o homem move esforços na resolução de problemas graves que afligem a humanidade (combate á fome; à pobreza…) sendo apenas possível na relação interpessoal entre os países.
Em jeito de conclusão é pertinente afirmar que “falar uma língua é, a todo o momento comprometer-se, assumir obrigações, encontrar argumentos que devam convencer, etc.”. A linguagem é esta unidade de acção e normatização, numa interacção comunicativa, e aí, novamente se revela a força e o mistério da sua riqueza. Com toda a pratica colectiva, a linguagem é uma instância da experiência humana em que o social e o individual se insere e se reiteram um no outro. Assim, falar é agir, compreender, estar presente perante os outros, comunicar, mas também ouvir e, é neste ponto que residem as características linguísticas e a linguagem.


Diana Patrícia Ribeiro Sampaio, 3º Ano Filosofia - UBI. Trabalho realizado para a disciplina de Filosofia Contemporânea II

2 comentários:

Márcio Meruje disse...

Interessante artigo.

Se a linguagem é possibilitadora de mundos a compreensão fomenta esses mundos !


Cumprimentos filosóficos,

Anónimo disse...

beleza!!