domingo, 23 de setembro de 2007

Folhas de Outono: Uma queda ubiana

“Já lá vai o tempo em que vivíamos segundo os nosso ideais. As flores irão surgir, o Sol irá aquecer, as folhas cairão e a chuva irá aparecer. As estações do ano seguirão o seu curso normal. A Terra continuará a rodar à mesma velocidade e os planetas do universo não se desviarão da sua rota. No entanto, nem que seja por uma miserável e ridícula parcela de um micro-segundo, o mundo mudou.”



Se existem recordações de uma passagem pela UBI, uma delas é a chegada à sala II.08 onde jovens caloiros, acabados de chegar, transpareciam um olhar atento e reticente sobre o local que os tinha acolhido. Numa outra face era notória uma saudade estonteante por locais em que outrora foram acolhidos. Mas isto é banal: toda a nossa vida é feita de espirais, em constante movimento ascensional, que se vão alargando sucessivamente. É um facto esta chegada mas pouca importância tem ou, pelo menos, não tem tanta assim. È apenas uma recordação sentimental.

Na primeira entrada daquela sala sentiu-se a filosofia no ar onde um louco (perdoe-me: um filósofo. Loucos éramos nós!) gesticulava com forças rítmicas e dinâmicas numa voz soante toda a força da filosofia, ou grande parte dela. A janela dava a conhecer duas coisas: O acto idílico do ser humano na sua comunhão com o saber e, indiferente a tudo isto, as folhas das tílias e dos castanheiros iam amarelecendo suavemente em todos os segundos graças À chegada calma e nostálgica de mais um Outono. A janela nesse momento não era uma janela qualquer. Reflectia o homem quase como um espelho mas, por outro lado, era igualmente o vidro que dava a conhecer o exterior. A janela ainda é testemunha de todos os momentos: quer de loucuras, quer de indiferenças e de diálogos maquinais, sem sentimento.

A filosofia há muito que deixou de ser um amor para ser um meio de subsistência desapaixonada. Mas se deixou de ser também depende de nós voltar a SER: viva-se agora a filosofia na UBI. Não falo exclusivamente para os alunos: Falo para os docentes. Não me faço de vítima mas exijo AMOR. Não exijo por pagar propinas mas exijo pelo que sinto ser a filosofia!

Até podemos não ter uma biblioteca silenciosa, poderemos nem ter boas instalações mas temos lugares que merecem destaque. Se a parada vive as estações rodeada por estudantes onde três tílias existentes dão outra cor no meio da pedra, o famoso Passeio dos Filósofos, junto a outra tília, marcada pelo tempo, representa não só maturidade mas igualmente sentimento.

E já que hoje entra o Outono espero que as tílias não vejam o morrer da filosofia e de todas as loucuras (perdoem-me: paixões) que alguns alunos e docentes vivem (e que todos os outros deveriam viver). Que estas árvores não assistam a nada mais sem amor e sem genuinidade.

A chegada do Outono é o ganhar forças para uma nova Primavera e uma nova vida. O cair das folhas não é apenas um desapego da árvore mas sim a necessidade, intrínseca à árvore, de todos os anos reviver!

Tal qual uma árvore: Vamos amar e reviver.

O Outono representa maioritariamente uma letargia, um recolher de forças para uma nova estação de crescimento. Contudo, mesmo antes de um recolher de forças é um esplendor de beleza onde as folhas tomam cores vivas e acabam por cair de muitas das árvores. Contrariamente, outras árvores continuam verdes e carecem dessa beleza mas são elas quem apresenta o verde em dias cinzentos . Que este Outono seja um Outono diferente na UBI

Idilicamente,

Márcio Meruje

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Guilherme,
Aproveito para responder aqui ao comentário no meu blog. Fizeram bem aproveitar o artigo se gostaram dele. Não tenham qualquer problema com isso dos direitos de publicação. O importante é que a ideia seja divulgada e é em cooperação que melhor trabalhamos. Já tinha visto a citação do artigo uma vez que tenho o vosso blog nos meus feeds que conheci pelo Blog do Valter Boita e outros, da Universidade de Évora. Aproveito para agradecer palavras do Guilherme e retribuir com um parabéns pelo vosso blog.
Voltem sempre
Abraço
até breve
Rolando Almeida