segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Editorial controverso sobre o caso Dr. Watson

A propósito das afirmações de James Watson sobre a menor inteligência dos africanos (relativamente aos “brancos”), José Manuel Fernandes, em Editorial do Jornal Público, proferiu um conjunto de afirmações que não podem deixar de suscitar vigorosa reacção.

Começa o autor por afirmar que uma conferência de James Watson foi cancelada por delito de opinião. Ora, é muitíssimo disputável que esta afirmação seja verdadeira. Sucedeu simplesmente que o Museu de Ciência de Londres considerou que o teor racista das afirmações que James Watson prestou a um jornal tornou inoportuna a presença do investigador. Imagino mil razões idóneas para esta decisão, mas José Manuel Fernandes apenas viu uma: delito de opinião. Será responsável, no editorial de um jornal que não é populista, suspeitar e acusar instituições tão credenciadas de terem o delito de opinião como critério de cancelamento de conferências? O editorial já foi publicado há mais de uma semana, mas o editorialista não se sentiu obrigado a responder a esta pergunta. E não deixa de ser curioso que, no tempo que foi passando, nenhuma carta ao director de protesto ou crítica tenha sido publicada. Pelo contrário, mais do mesmo foi aparecendo no espaço reservado aos leitores.

José Manuel Fernandes afirma também, apoiando-se em artigo da colunista Sue Blackmore disponível on line, que “a hipótese de Watson (…) tem ocupado muitos cientistas”. Pergunto eu: Tem? O que entende JMF por muitos cientistas? Quais cientistas? E adiante, em tom algo sentencioso, afirma ainda: “goste-se ou não, os estudos existentes são demasiado controversos para se ter a arrogância de, em nome do politicamente correcto, afastar de vez essa hipótese”. Insisto na pergunta: que estudos tão controversos conhece? Ou quem conhece que os conheça? O admirável subentendido do raciocínio de José Manuel Fernandes é simples – parece que anda aí uma controvérsia a ser silenciada por uma força avessa à ciência chamada pensamento politicamente correcto!

Chegados aqui há que dizer que o facto das afirmações do dr. Watson serem controversas não é suficiente para que o assunto sobre o qual elas versam seja controverso. Por outro lado, afirmações politicamente incorrectas, tanto quanto as politicamente correctas, são irrelevantes do ponto de vista científico. A instituição científica não é, para nosso bem, tão vulnerável como parece fazer crer José Manuel Fernandes.

Finalmente – o pior ficou mesmo para o fim – afirma que “conhecer melhor eventuais diferenças nas aptidões dos grupos humanos poderia, por exemplo, ajudar a melhorar o sistema de ensino.” Isto merecia exemplos só para ver se entendi bem. Entretanto vou imaginando um: imaginemos que se descobre que as mulheres são realmente mais inteligentes que os homens. Que sugere José Manuel Fernandes, Sue Blackmore e os presumíveis cientistas silenciados? Escolas separadas? Ensino especial? Diferenciações ponderadas com base no património genético de cada qual? É sempre bom medir as consequências das nossas ideias antes de as exprimirmos, sobretudo quando o meio de expressão é o editorial do Público e quando o público leitor é realmente dotado de alguma sensibilidade ao disparate.

Vamos a ver se nos entendemos: haver diferenças entre os homens é natural – eis uma verdade de La Palisse! Pouco natural será que, nisto, se encontrem razões para que os homens não sejam tratados da mesma maneira no ensino ou, já agora, nos seus direitos de cidadania. Note-se que esta não é uma afirmação científica, nem o poderia ser. As razões que nos motivam e nos justificam neste tipo de afirmações são políticas e morais, quase sempre também razões históricas. Não são, de forma alguma, razões científicas. Exorbitar o campo da ciência, ainda por cima com pseudo-informação científica (como o fez Dr. Watson), é, permito-me citar Isaiah Berlin (grande pensador liberal e convicto defensor do pluralismo de crenças e convicções), “sintoma de imaturidade moral e política”, com os consequentes perigos.

Em suma, é realmente um desgosto que se encontre um editorial deste quilate num jornal que é referência em Portugal e que sempre se destacou pela especial atenção que dá à vida e aos feitos da ciência.

Professor Doutor André Barata, docente na Universidade da Beira Interior

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

The Future of the American Idea

Na edição de sexta -feira do jornal diário o Público, Vasco Pulido Valente ironiza a "Europa" como centro das atenções mediáticas que o nosso actual executivo finge perceber, contudo, a sua opinião reflecte um Portugal sem ideal e que usa a "Europa" como molde de um futuro idealismo Lusitano. O tratado de Lisboa e o referendo, tentaram criar uma consciência europeia, nós só ganhamos com isso, aliás, entre esperar por um D. Sebastião e uma "Europa", fica sempre melhor uma Europazinha.
Mas...

Do outro lado do Atlântico, os E.U.A buscam um novo ideal, o velho -"God save the States" está banalizado e alguns tentam de forma multi disciplinar buscar um re - vivalismo donde as fases politicas se fundem. Apesar de tudo a arte e imaginação valem por si só. Todos procuramos um ideal, qual a necessidade? Identidade. Europa sim, Portugal não!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007




Fórum - Educação Artística

Se gostaria de acreditar nos outros, no Ensino, no Estado e no país terá, antes de mais, de acreditar naquilo que melhor sabe fazer por si, pelo futuro de seus filhos e pelo futuro de todas as crianças. Assim esteja atento a este FÓRUM e se possível dê o seu melhor contributo pelo ENSINO de uma verdadeira Educação Artística, num respeito para com a CULTURA e para com as pessoas que fazem essa mesma Cultura.


Para que é que serve a EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - Alice Valente

A Educação Artística não serve absolutamente para nada se não for orientada e ensinada por artistas, precisamente porque para além de criadores, igualmente são os detentores e responsáveis com única e exclusiva autoridade das áreas que digam respeito às Artes e ao que é Artístico. E perante esta evidência, o Ensino de uma Educação pelas Artes, só fará sentido se conjuntamente e em perfeita sintonia, o Ministério da Educação e o da Cultura, trabalharem seriamente com os artistas, com todo o rigor e competência e sem improvisos ou ideias extemporâneas, para que essa Educação do Artístico e em seu Ensino, se presenteie com toda a eficácia, tanto ética como esteticamente, em presenças e valores verdadeiros, a Ser-se Humano. Mas toda esta acção, só será exequível num inevitável e incontestável respeito, enaltecimento e valorização para com todos os artistas, que fizeram, que fazem e que têm contribuído de um forma exemplar e inegável para a sua Cultura. Artistas esses, que em sua grande maioria, realizaram seus trabalhos e Obra de um forma demasiadamente dolorosa e até desumana, para que possa existir afinal, uma Cultura!
Assim a Educação Artística, só servirá ao Ensino, se encontrar-se a ensinar nesse mesmo ensino e em suas escolas e universidades, os que com todo o talento realizaram ou realizam obras nas áreas da criatividade ou da manifestação do que é artístico e que são eles, os escultores, os músicos, os coreógrafos, os bailarinos, os artistas plásticos, os artesãos, os poetas ... os artistas.
Em suma, uma verdadeira Educação Artística, só se conseguirá efectivar e repito, se ambos os Ministérios, o da Educação e o da Cultura, favorecerem a realçarem os artistas em suas práticas, obras e vivências e relacioná-los vivamente com o Ensino enquanto Professores, não só pelas suas experiências e provas já dadas, mas depois e também, tanto profissionalmente como artisticamente, dentro dessas mesmas áreas e que digam pois, respeito a um Saber relativo às Artes. Ou ainda que os seus projectos e sempre supervisionados pelos seus autores, sejam direccionados ou directamente incluídos e postos em prática no ensino dessas mesmas escolas, a ensinar-se com os artistas e a aprender-se com eles no entendimento de um esforço realizável pela força do que é genuíno e na «alma» do que é a vida, a obra, o acto criativo e em seu autores e artistas.
Todos até sabemos, e porque é onde a Cultura se assenta e se afirma, que a verdadeira riqueza é originada pelos valores do Ser a Ser-se Humano e, isso é assim, exactamente pelo que esse ser humano nos pode oferecer ao que é feito com Arte e em suas Artes, a ressalvar assim, todo o espírito e força do que é a criatividade humana. E que são elas, a Dança, a Música instrumental, Música Vocal, a Pintura, a Fotografia, a Poesia, as Artes Performativas, as Artes Cénicas, a Escultura e entre muitas outras áreas ou em todas aquelas áreas que se têm revelado como cruciais para que a sensibilidade e a afectividade se harmonizem com a criação, com a criatividade, com o acto de criar ou com todas as manifestas vias do artístico. E precisamente por se traduzirem em pólos vitais, para que uma sociedade se torne sustentável, enquanto relação primeira, na procura de valores e soluções novas, dentro dessa mesma comunicação, no que é respeitante ao enaltecer, a dignificar o que é humano e em toda a extensão, na sua Natureza de Ser, por Sentir e Pensar.
Uma Educação Artística terá pois, de se firmar muito para além de todos os jogos de discursos e palavreados sem sentido, no se usarem as artes leviana e grosseiramente, a se reproduzirem modelos em modelozinhos interesseiros e tão repetitivos em que modas, por curiosos ou estudiosos em seus cursos construídos e tirados à pressa, para inglês ver. Lições a serem dadas, por quem nada sabe, nem nada tem a ver com as artes, em cursozinhos no artisticamente correcto, sem «alma» e sem «coração» a envergonhar as artes e o que é artístico. Procedimentos perversamente autorizados e em que incúria por responsáveis tão
inaptos, numa aliança para com o vazio, para com o nada, dos mal intencionados ou vendilhões, que facilmente se associam aos conflitos e guerras, em quantos competitivos ideais e, em que comerciais e formatados estados. Estados esses, em estares que nos viabilizam para a insensatez de seres humanos tornados animais ou coisas, intencional e maquinalmente, isentos de pensar ou tornados abjectos objectos industrializáveis, fabricáveis e empacotáveis, por vendáveis ou compráveis, num monstruoso afastamento e em total separação para com o Pensamento, a Criatividade e a Criação do Ser-se Humano.

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sábado, 13 de outubro de 2007

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Conferência "A tradição retórica na cultura judaica"


No dia 18 de Outubro pelas 18h00 terá lugar a conferência "A tradição retórica na cultura judaica" a proferir pelo Prof. Cyril Aslanov da Universidade Hebraica de Jerusalém. O local será a Sala de Seminários da Biblioteca Central UBI, no 3º piso, ao lado do Centro de Estudos Judaicos.O Prof. Cyril Aslanov é o Director do Centro Internacional para o Ensino Universitário da Civilização Judaica. A conferência será feita em português. Com este evento assinala-se o início do curso de Língua Hebraica a ser leccionado com curso livre na Universidade da Beira Interior.A conferência é aberta ao público, com entrada livre.




Instituto de Filosofia Prática da U.B.I - Temporada 2007

C O N F E R Ê N C I A S 2 0 0 7
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Conferências a realizar
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22 Novembro Rui SAMPAIO E SILVA
U. Açores - McDowell e a filosofia prática de Aristóteles
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29 Novembro Sara ALLEN
U. Concórdia, Montreal - Heidegger e Levinas
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13 Dezembro Guy-Félix DUPORTAIL
U. Paris I - Le moment topologique de la phénoménologie
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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Homólogos americanos e Heidegger em formato MP3

Nos Estados Unidos da América nem tudo o que brilha é ouro, sabemos que existe alguma corrupção em diversas áreas, tal como a Politica, o ambiente, o trabalho etc... Mas é admirável o perfil daquela nação. Um país geograficamente grande erguido por gente que tinha como propósito o dinheiro. emigrantes que sabiam que é no suor que está a "possível" felicidade, o suor é aqui visto como dinheiro/trabalho, daí a felicidade seja possuir muito dinheiro. Talvez por esta razão o "capitalismo" seja tão levado a sério. Mas se é no dinheiro que está a felicidade então é necessário inovar e criar uma matéria que possa ser rentável. Nos E.U.A, mais precisamente no estado da Califórnia são patenteadas mais de 100 "coisas" por dia, dessas 100, 10 conseguem no espaço de um ano tornar-se algo rentável, conseguem criar novas empresas e muito mas mesmo muito lucro. A globalização simplesmente faz o resto. Nos E.U.A existem duas "Silicon Valley", nós em Portugal queremos criar uma Silicon Valley por distrito, que imaginação a nossa, esquecemos-nos que o "conceito Silicon Valley" tem mais de 30 anos, e nós só agora queremos inspirar-nos. A América não deve ser um sonho, isto porque é muito mau da nossa parte criar uma "coisa" já existente. Temos que ter muito cuidado com as imitações... no mínimo olhamos para os americanos como complemento daquilo que podemos ser, ou seja, não devemos fazer o que eles fazem, mas sim procurar aquilo que os levou a fazer. Mas cuidado com o "capitalismo" e a "globalização". Vale a pena ver isto e isto e porque não - imitar?