domingo, 24 de junho de 2012

Adolf Hitler, A Minha Luta (Mein Kampf)

A razão para abordarmos esta obra é, na minha perspetiva, o de se conhecer a base de um movimento racista, como o nazismo ou outro movimento com os mesmos princípios ou similares. Mais, pretende-se suscitar a curiosidade para a leitura e interpretação desta obra, e, eventualmente, a criação de anticorpos contra este tipo de ideologia.
Começando por falar sobre o autor, Hitler nasceu na Áustria, na localidade de Braunau am Inn, em 20 de Abril de 1889 e faleceu em Berlim aquando da entrada do Exército Vermelho na cidade em 30 de Abril de 1945 (muitos acreditam que se tenha suicidado). Apresentações feitas, surge-nos a questão: como é que esta personagem conseguiu chegar ao poder na Alemanha, um dos países mais instruídos da Europa? Uma boa parte da resposta pode ser encontrada no contexto, pois, nessa época, após a derrota da Primeira Guerra Mundial, o país vivia um momento de extrema pobreza. Mesmo aqueles que possuíam um grau académico superior (médico, engenheiros, etc.) eram obrigados, no extremo, a procurar comida no lixo, enquanto que os únicos que pareciam escapar à sina eram os comerciantes judeus que expunham os seus produtos na rua. Tal diferença dando espaço para a criação de discursos anti-semitas.
É sobre este campo “fértil” (numa perspectiva cínica) que Hitler vai lançar esta manufatura, escrita durante o tempo de cativeiro em 1924 com o intuito de revelar o propósito e ideologia do seu partido, assumindo um carácter autobiográfico. Por outro lado, não devemos esquecer que esta obra segue uma finalidade propagandística, que é notória quando Hitler se refere a Bismark, fazendo uma comparação entre a sua empresa e as suas ambições aos feitos e ambições do Chanceler de Ferro. Desta comparação resultando o culto da imagem do chefe. Podemos equiparar isto ao culto de certas personalidades religiosas, dando especial cuidado à imagem do messias que vem na sua jornada pregar a palavra, em perfeito paralelo com o que sucede hoje com os líderes políticos. E é com base nesta primeira esfera que se desenvolve o primeiro grande tema do livro, a propaganda, ao qual se junta um segundo complementar, o do bode expiatório.
Iniciamos a nossa marcha pela propaganda, que, segundo o autor, deve ser direcionada para a grande massa e deve cumprir com o objetivo a que se propõe, como exemplo disso temos a propaganda de guerra alemã durante a primeira guerra mundial que ridicularizava o inimigo, dando a sensação de invencibilidade que era desfeita assim que um soldado desta frente caia morto. O que, segundo Hitler, era um erro porque tornava o cenário de guerra algo fantasioso, e, este, contrasta isso com a alternativa da publicidade do próprio inimigo, em que nessa publicidade os ingleses viam nos alemães um povo bárbaro, dando-lhes mais ânimo e vontade para lutar, além de os não deixar cair no engano da invencibilidade. Mudando deste episódio mas continuando dentro do tema, o livro busca desprestigiar os opositores políticos do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, colocando-os como co-responsáveis pela Alemanha ter perdido a Grande Guerra e como oradores ignorantes e ao serviço dos judeus, além de serem considerados pouco enérgicos para a prática de soluções (na gíria popular: têm muita parra para pouca uva).
Quanto ao segundo ponto, e complementar do ponto anterior, o povo judeu é para Hitler o bode expiatório ideal. Primeiro, são responsabilizados pela derrota da Alemanha durante a guerra devido à sua imprensa, depois pela crise económica do país e, por último, na corrupção do próprio espírito alemão. Segundo, Hitler aproveita as desigualdades sociais, e o ódio que isso gera, para criar um alvo que está numa escala social mais elevada, por outro lado, a intensidade deste ataque deve-se ao facto do próprio autor considerar o seu povo de estupido e ingénuo para ser manipulado. Como último ponto, Hitler afirma que para um movimento se elevar sobre outro tem que ter presente uma ideologia: a auto-sustentabilidade da Alemanha e da superioridade da raça ariana, o que conduz para a expansão territorial da Alemanha (espaço vital) e à eliminação das raças consideradas inferiores, respetivamente.
Como já é tradicional, interpelamos o leitor com algumas questões. Atualmente, e estando nós situados num cenário de crise, teria um movimento desta índole a capacidade de angariar adeptos? E se tem, era capaz de ganhar eleições? E se um movimento destes chega ao poder, será que mediante a repressão e a prosperidade económica conseguiria comprar o silêncio e a passividade geral da população, como observamos na China?


Fernando de Almeida.

2 comentários:

Anónimo disse...

já leu o livro que comenta ?

Anónimo disse...

então ? a frase acaba com ponto de interrogação logo é uma pergunta ou não tem resposta para dar ?