quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lógica, Immanuel Kant (parte dois)


Na sessão anterior, abordámos a temática da lógica enquanto uma ciência que racionaliza tanto quanto à forma como à matéria, e que faz uso de leis necessárias do pensar para as aplicar aos objectos em geral e avaliar a razão geral. São exactamente essas leis necessárias e, por isso, a priori, que vão ser pertinentes para o tema que vamos tratar a seguir, que é: o conhecimento geral.
O nosso conhecimento geral possui duas referências: a primeira delas é o objeto, a segunda é o próprio sujeito que conhece pois tem consciência, condição sine qua non de todo o conhecimento em geral, da representação do objeto. Contudo, para existir este conhecimento tem que existir uma distinção entre a matéria e a forma. A matéria refere--se ao objeto. Ainda dentro da temática do conhecimento do objecto, destacam-se a intuição - o avistar do objeto, sem saber ainda qual a sua finalidade - e o conceito - em que o sujeito já é conhecedor da finalidade do dito objeto. Deduzindo daqui, podemos observar que as intuições têm a sua origem na sensibilidade, já os conceitos têm a sua origem no entendimento; sendo a primeira faculdade da ordem da recetividade, ou faculdade inferior, enquanto a segunda pertence à faculdade da espontaneidade, ou faculdade superior. É desta dissonância de faculdades de conhecimentos que se vão reflectir, respectivamente, na perfeição estética e na perfeição lógica. A perfeição estética diz respeito à coerência do conhecimento e o próprio sujeito, cuja fonte é a própria sensibilidade; não se pode, portanto, validar de forma universal e objetiva as leis de um conhecimento elaborado a posteriori. Já na perfeição lógica, temos um acordo entre o objeto e o conhecimento do qual se podem formar leis universais e que podem ser avaliadas mediante leis estabelecidas a priori.
Passando para os limites do nosso conhecimento, é impossível conhecer todas as coisas, daí a necessidade de se ter um limite. E como é que o podemos determinar? Segundo Kant a diversidade e profundidade de todo o conhecimento dependem dos interesses e capacidades do sujeito que o pretende adquirir. Abordando este assunto de uma forma mais concreta, o horizonte de conhecimento pode ser determinado de três formas: 1.ª) Logicamente: faculdades cognitivas em relação ao interesse do entendimento. Saber o limiar dos nossos conhecimentos e em que medida é que estes nos podem ser úteis; 2.ª) Esteticamente: segundo o gosto, de acordo com o interesse do sentimento, e aquele que tem a estética como horizonte tenta instaurar uma ciência em acordo com o gosto do público ou a aquisição de conhecimentos que podem ser transmitidos a todos, por outras palavras, transformando a estética numa ciência popular; e para finalizar, 3.ª) Praticamente: aqui o horizonte é delimitado pelo interesse da vontade e utilidade de certos conhecimentos na sua vertente pragmática, como o conhecimento de valores morais ou mesmo valores éticos.
 Resumindo, o horizonte de conhecimento diz respeito àquilo que o Homem pode, deve e lhe é permitido saber.       
                                                                                                                                                                                  Fernando de Almeida

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