domingo, 1 de abril de 2012

Os assassinos entre nós, Simon Wiesenthal (I)

Linha Geral: Os assassinos entre nós, Simon Wiesenthal. De que trata a obra? Qual apostura de Wisenthal em relação a Eichemann e seu julgamento? O 'pedigree' da raça humana, a 'super-raça' deve eliminar as demais. O que foi a ODESSA, e que importância esta última tinha nas fugas? Estas e outras considerações no seguinte texto, repousado na obra e biografia de Wiesenthal.

Os assassinos entre nós, Simon Wiesenthal (n. 31/12/1908 – m.20/09/2005) 
Esta obra é organizada de uma forma um tanto ou quanto invulgar; intercalada entre o perfil e as narrativas de Simon Wiesenthal, tendo sido essas narrativas transmitidas a Joseph Wechsberg que as inscrevera neste livro. 
Os conteúdos existentes na obra descrevem a vida de Simon Wiesenthal durante a Alemanha nazi, a sua posterior queda e, por último, a perseguição levada a cabo por Simon aos criminosos nazis. De entre estes, Simon dá especial destaque a Adolf Eichmann, que durante o julgamento afirmava que não era culpado por nenhum dos crimes que era acusado pela razão de que apenas estava a cumprir ordens, e que as cumpriria mesmo que isso significasse enviar o pai para a câmara de gás. O curioso acerca de Eichemann, segundo Wiesenthal, é que nunca teve mazelas com judeus e, para grande estupefação, ele era palestiniano alemão, membro dos Templários. Outro criminoso referido é Josef Mengele, médico do campo de concentração em Auschewitz entre 1943 e 1944, sendo o responsável pela realização de experiências em prisioneiros judeus com vista ao aperfeiçoamento da raça ariana. Na vida de Mengele constam dois títulos académicos, o de doutor em filosofia (Universidade de Munique) e o de doutor em medicina (Universidade de Francforte), mas que lhe foram posteriormente retirados por ambas as universidades. O motivo da atenção por esta personagem advém da sua teoria de que o ser humano, tal como um cão, possui uma espécie de pedigree. Arraigado nesta crença, Josef acredita na criação de uma «super-raça» e de que as raças inferiores deveriam ser exterminadas, em função disso desenvolveu um programa de procriação desta «super-raça», selecionando jovens que obedeciam aos cânones da raça ariana para serem encaminhados para campos de procriação. Na sua fuga da Alemanha, Josef foi ajudado pela organização O.D.E.S.S.A., passando pela Argentina, Grécia, Brasil, Paraguai e pelas colónias alemãs do Paraná Superior. Pensa-se que Mengele se fixou na selva brasileira, que faz fronteira com o Paraguai, entre Puerto de San Vicente, ou entre a ligação rodoviária Assunção – São Paulo, e a fortaleza Carlos António Lopéz. 
A organização atrás mencionada foi responsável pela criação da rota de Odessa, um passaporte de saída para os criminosos da elite das S.S. e da Gestapo; cujas vias de fuga eram organizadas pela BSHA (Ministério do Interior das S.S., que englobava os serviços de espionagem e contra-espionagem). As vias tinham como destino: Espanha, Médio Oriente, Argentina e Paraguai. A rede contava com a ajuda de correios, nomeadamente, camiões de mercadorias para saída do país além dos transportes ilegais; os criminosos nazis recorriam ainda aos mosteiros e às estalagens como meios para passar a fronteira. Este transpor da fronteira era facilitado pelas boas relações entre a Odessa e as embaixadas, dando o exemplo da afinidade de relações entre a Odessa e a embaixada espanhola presente na década de 40. 
(cont.) 

Fernando de Almeida

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