A obra Sobre o suicídio, foi concebida quando Marx tinha 28 anos, tendo como fonte o capítulo Du suicide et ses causes” de Jacques Peuchet, que exerceu o cargo de director dos Arquivos de Paris durante o período da Restauração. Mas isto, não faz de Marx o co-autor da obra, pois além da tradução e selecção, Marx ainda modificou os textos e introduziu comentários sem fazer qualquer demarcação dos excertos que retirou de Peuchet; resultando num texto harmonioso e de leitura aprazível.
No entanto, esta composição literária não ambiciona tomar o lugar de texto científico, procurando antes, através do relato de diversos incidentes ocorridos na época da Restauração Francesa [a Primeira Restauração Francesa (1814-1815) que abrange a expulsão de Napoleão Bonaparte e o seu regresso para o Governo dos Cem dias; a Segunda Restauração Francesa (1815-1830), que o período que vai de abdicação definitiva de Napoleão e a Revolução de Julho], acompanhados por comentários que se propõem a discutir a esfera privada, nomeadamente o suicídio como fruto da estrutura social vigente. E é justamente a esta maioria que Marx vai chamar a atenção para a necessidade de uma transformação social, política e económica. A título de exemplo deste último ponto, temos o de um guarda da casa real que ficou desempregado e porque não queria viver às custas da mulher e das suas filhas, resolveu suicidar-se para as livrar de um fardo adicional.
Outro ponto, para o qual o autor chama ainda a atenção, é a opressão feminina nas sociedades modernas. Expondo diversos casos de suicídios, que demarcam o quão vulneráveis eram as mulheres perante os preconceitos e egoísmos sociais que eram personificados na figura dos chefes de família; como, por exemplo, o caso da filha do alfaiate que dormiu na casa do noivo na véspera de casamento e quando voltou para casa foi vaiada pelos pais e pelos populares que ouviram a discussão; a rapariga desesperada decide afogar-se no rio. Após o incidente, os pais estavam mais preocupados com os pertences da filha do que com a própria filha, reclamam os bens na esquadra e entre os quais estavam os presentes oferecidos pelo noivo; desvelando que os objectos passaram a ter mais importância que a pessoa. Por outro lado, os mesmos populares que insultaram esta rapariga, viriam a descompor os pais por terem sido responsáveis pela morte da mesma, demonstrando, assim, a mesquinhez social presente na época. Por fim, salienta-se o facto de o suicídio protagonizado por mulheres se estender a todas as classes sociais, e não apenas às classes sociais mais abastadas, como pode ser comprovado pela tabela de suicídios em Paris de 1824.
Concluindo, de um modo geral, o que a obra procura dar destaque é a necessidade para a mudança social, política e económica. Contudo, olhando aos motivos dos suicídios que o autor relata, a maior parte deles é de natureza de crise social, como que se autor quisesse dizer que se queremos mudar as duas últimas convenções (política e económica), devemos primeiro começar por esta (social). Sendo que esta serve de pilar para as outras duas, mas nem por isso deixa de ser afectada pelas mesmas. Não é pois, por acaso, que o Marx posterior – o Marx do Capital – dê conta que o sistema capitalista (alimentado pela circulação do capital) tenha como fundamento relações sociais que se tendem a reproduzir (nomeadamente, relações entre o proletariado e a burguesia). Assim, por um lado, o capital é o resultado destas interacções sociais (sintetizado em classes), por outro, produz e perpetua estas mesmas relações.
No entanto, esta composição literária não ambiciona tomar o lugar de texto científico, procurando antes, através do relato de diversos incidentes ocorridos na época da Restauração Francesa [a Primeira Restauração Francesa (1814-1815) que abrange a expulsão de Napoleão Bonaparte e o seu regresso para o Governo dos Cem dias; a Segunda Restauração Francesa (1815-1830), que o período que vai de abdicação definitiva de Napoleão e a Revolução de Julho], acompanhados por comentários que se propõem a discutir a esfera privada, nomeadamente o suicídio como fruto da estrutura social vigente. E é justamente a esta maioria que Marx vai chamar a atenção para a necessidade de uma transformação social, política e económica. A título de exemplo deste último ponto, temos o de um guarda da casa real que ficou desempregado e porque não queria viver às custas da mulher e das suas filhas, resolveu suicidar-se para as livrar de um fardo adicional.
Outro ponto, para o qual o autor chama ainda a atenção, é a opressão feminina nas sociedades modernas. Expondo diversos casos de suicídios, que demarcam o quão vulneráveis eram as mulheres perante os preconceitos e egoísmos sociais que eram personificados na figura dos chefes de família; como, por exemplo, o caso da filha do alfaiate que dormiu na casa do noivo na véspera de casamento e quando voltou para casa foi vaiada pelos pais e pelos populares que ouviram a discussão; a rapariga desesperada decide afogar-se no rio. Após o incidente, os pais estavam mais preocupados com os pertences da filha do que com a própria filha, reclamam os bens na esquadra e entre os quais estavam os presentes oferecidos pelo noivo; desvelando que os objectos passaram a ter mais importância que a pessoa. Por outro lado, os mesmos populares que insultaram esta rapariga, viriam a descompor os pais por terem sido responsáveis pela morte da mesma, demonstrando, assim, a mesquinhez social presente na época. Por fim, salienta-se o facto de o suicídio protagonizado por mulheres se estender a todas as classes sociais, e não apenas às classes sociais mais abastadas, como pode ser comprovado pela tabela de suicídios em Paris de 1824.
Concluindo, de um modo geral, o que a obra procura dar destaque é a necessidade para a mudança social, política e económica. Contudo, olhando aos motivos dos suicídios que o autor relata, a maior parte deles é de natureza de crise social, como que se autor quisesse dizer que se queremos mudar as duas últimas convenções (política e económica), devemos primeiro começar por esta (social). Sendo que esta serve de pilar para as outras duas, mas nem por isso deixa de ser afectada pelas mesmas. Não é pois, por acaso, que o Marx posterior – o Marx do Capital – dê conta que o sistema capitalista (alimentado pela circulação do capital) tenha como fundamento relações sociais que se tendem a reproduzir (nomeadamente, relações entre o proletariado e a burguesia). Assim, por um lado, o capital é o resultado destas interacções sociais (sintetizado em classes), por outro, produz e perpetua estas mesmas relações.
Fernando Alves Pereira de Almeida
2 comentários:
Desconhecia o texto.
Muito bom!!!
Enviar um comentário